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Educação


Prova de filosofia e interpretação



A prova de filosofia foi o destaque do primeiro dia na segunda fase do vestibular da Unesp deste ano. Na prova do domingo, dia 13, em uma questão de filosofia, por exemplo, o vestibulando tinha que comparar os pensamentos de Platão aos de Maquiavel. Para isso, era necessário dominar os conceitos de idealismo, metafísica e ética. 

Resta indagar se um jovem de 18 a 20 anos teria a maturidade intelectual suficiente para fazer lidar com a abstração teórica que os conceitos de idealismo, metafísica e ética exigem. Até porque há uma diversidade conceitual para esses termos entre filósofos.  Mas, pessoalmente, gosto desse tipo de estrutura de provas, pois exige mais do que memorização de conceitos. Requer associação conceitual que me parece ser uma habilidade básica a ser construída pela pelos estudantes que vivem em uma sociedade cada vez mais complexa nas suas relações, principalmente as urbanas.

Além da interpretação de texto, era necessário que o candidato tivesse domínio do conteúdo e capacidade de redação", analisa Célio Tasinafo, diretor pedagógico da Oficina do Estudante de Campinas. Do restante da prova, a coordenadora pedagógica do Curso e Colégio Objetivo, Vera Lúcia da Costa Antunes, destaca algumas questões de história e geografia, que cobraram conhecimento do racismo nos EUA nos anos 60 e a relação entre globalização e movimentos migratórios.

No caso, o atual êxodo de pessoas do Oriente Médio poderia ser usado como exemplo pelo vestibulando, lembra Tasinafo. Na prova, também há outras questões que passam longe do antigo rótulo de "fácil" que a Unesp carregava, entre elas, uma que pedia para discutir a origem das capacidades mentais a partir de um texto de Alan Kardec e de uma reportagem que relata o achado de que músicos têm um lobo temporal esquerdo maior que os demais.

Penso que esse caminho intermediário entre a memorização de conceitos e a habilidade de fazer associações dentro de uma prática teórica é um caminho cognitivo, cujo processo me parece promissor em termos de práticas sociais dos estudantes em função de uma cidadania crítica e comprometida com a transformação social. Não vejo como um aluno poderia ficar neutro ou isento a transformações pessoais depois de ser levado a ler, interpretar e associar conceitos, principalmente aqueles textos de natureza filosófica. 

Para o professor Paulo Moraes, diretor de Ensino do Anglo Vestibulares, a prova cumprirá seu papel de selecionar os melhores alunos. No entanto, ele aponta que ainda não existe uma "cara" para o vestibular da Unesp. Isso porque, entre as disciplinas, há grande variabilidade. Ao passo que as questões de física e química quase não têm contexto - são muito diretas -, as provas de filosofia e história são trabalhosas e requerem grande esforço de interpretação de texto. Depois do Enem, que tem uma abordagem mais uniforme entre as áreas do conhecimento exigidas, era esperado que o vestibular da Unesp e outros caminhassem nessa direção. Isso não aconteceu, segundo Moraes, porque há "uma alta rotatividade dos organizadores do vestibular, provocando uma falta de continuidade do trabalho".

No vestibular 2016, o Sistema de Reserva de Vagas para a Educação Básica Pública garante um mínimo de 35% das vagas de cada curso para alunos que tenham feito todo o ensino médio em escola pública, proporção essa que deve chegar a 50% até o Vestibular 2018. Segundo a Unesp, vários cursos dela já tem 50% ou mais de seus alunos vindos da escola pública.

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Fonte: http://www.bemparana.com.br/noticia/420025/filosofia-e-destaque-no-primeiro-dia-da-segunda-fase-da-unesp. Acessado aos 13/dez/2015.



José Antônio dos Santos
Mestre pela UFSJ.
Contato: joseantonio281@hotmail.com



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Escrito por Educação, no dia 30/12/2015




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