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Comunidade


Moradores da rua Paes Pedro calculam danos com enchente




Cansados de viver com medo das chuvas, os moradores da rua Paes Pedro, no bairro Carijós (região sudoeste), cobram da prefeitura melhorias capazes de evitar os transtornos das enchentes. Mônica Oliveira, 58 anos, considera o local uma área de risco: “Estamos à beira de um rio e sempre lutamos para que o poder público faça algo para melhorar a nossa situação. Na chuva de sexta-feira, dia 24, entraram 30 cm de água na minha casa. Como vi os alertas, já tinha colocado meus móveis para cima”, conta.
Mas o problema maior, segundo Mônica, é o sentimento de abandono: “A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros deixaram muito a desejar. Pela quantidade de alerta que estávamos recebendo, acho que deveriam ter feito um trabalho porta a porta. Isso evitaria que algumas pessoas perdessem seus bens. Outra situação é que, há quase 30 dias, protocolamos na prefeitura pedidos para desentupirem as duas saídas de água da chuva e para roçar a beirada do rio. Assim, a gente conseguiria, pelo menos, ver o rio subir e monitorar seu volume. Mas até hoje não apareceram. Quando chega o período chuvoso a gente já fica apreensivo e, conhecendo essa realidade, já tínhamos pedido essa limpeza com antecedência. Há muitos anos também, a gente pede a construção de gabião, mas não falam se vão fazer”, pontua.

Perdas

Na parte mais baixa da rua, a casa Najara Luiza de Souza Ferreira, 31 anos, foi uma das mais afetadas:?“Perdi guarda-roupa, mesa, cadeira. As pessoas acham que é só água, mas na hora que ela escoa fica uma lama. A garagem da minha casa está um caos. Os moradores da primeira casa perderam muita coisa, como quatro guarda-roupas e uma cômoda. Como eles moravam de aluguel, mudaram-se no dia seguinte. Depois da chuva não veio ninguém aqui nem para ver se estamos bem. O pior é que só se fala de chuva em época de chuva. Daqui a pouco todo mundo se esquece e o problema continua”, pontua.
A aposentada Tereza Cristina Paes, 59 anos, teve a sorte de água não invadir sua residência, mas se solidarizou com os vizinhos: “No sábado, quem limpou a rua fomos nós. Cada morador com sua mangueira, vassoura e a água da sua casa. Nenhuma pessoa da prefeitura passou para ver se era preciso limpar o trazer um caminhão para tirar os móveis perdidos. Uma vizinha nossa, que é idosa, perdeu dois colchões, cômoda e os alimentos que tinha acabado de comprar. Fui à casa dela ajudar e, quando cheguei, tive vontade de chorar, porque estava tudo revirado pelo chão”.
Outro questionamento feito por Tereza é sobre uma possível represa em Buarque, que agravaria o problema: “Ficamos sabendo que ela muito grande e, conforme o volume de chuva aumenta, eles abrem a comporta. Disseram, inclusive, que a enchente de 2012 foi a pior porque essa represa estourou. Naquele ano, inclusive, entrou água na minha casa, coisa que nunca tinha acontecido. Gostaríamos de saber se isso é verdade ou não. É um crime abrir uma comporta e ou ela estourar e afetar a parte de baixo toda”.

Descaso

O aposentado Cláudio Peixoto, 71 anos, tem uma casa na Paes Pedro há 60 anos e já perdeu a esperança: “Nesse tempo todo ninguém fez nada. Não espero que agora façam. Enquanto não limparem o rio, desassorearem, não vai melhorar. Isso não tesolveria, mas reduziria o sofrimento de muita gente”.
Morando apenas há 1 ano na rua, a técnica em segurança do trabalho Lidiane Cabral, 34 anos, também já se sente abandonada: “Quando a água começou a empoçar, eu liguei para a Defesa Civil. Demoraram 45 minutos para chegar e, quando vieram, só olharam e não falaram nada com a gente. Foram embora. Então, nem antes e nem depois da chuva tivemos suporte da prefeitura ou Defesa Civil. Na minha casa entraram quase 40 cm de água. Graças a Deus e à dona da casa onde moro, que me ajudou a colocar os móveis para cima, não perdi nada”, relata.




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Postado por Redação, no dia 06/02/2020 - 00:11


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