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Educação


Falta de professores nas escolas



Faltam professores de quase todas as disciplinas em todas as redes de ensino. O que está acontecendo? O que dizer de jovens licenciados que estão desistindo das salas de aula?  Já existem algumas respostas para essa pergunta. Estudos recentes feitos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) projetam que, daqui a cinco anos, não deva aparecer mais candidatos a cursos de licenciatura. A queda de inscrições para cursos como matemática, química, física, história, ciências biológicas e geografia chega a 90%. Essa estatística diz que, em breve, essa instituição federal de grande influência social tende a fechar seus cursos de docência. Segundo Luiza Muzzi, “quando se avalia quem ingressou na última década em licenciaturas, a situação também preocupa. Enquanto o número de formandos diminui ano a ano, os abandonos crescem, com índices que ultrapassam 50% em alguns cursos.” Segundo especialistas, “[...] para agravar a situação, entre os que se formam, são poucos os que realmente desejam a sala de aula como destino profissional.”

O coordenador do curso de história da UFMG, Andre Miatello, alega que houve uma queda de procura do curso de quase 80%, entre os anos de 2000 a 2013. Assim, cursos que há 15 anos tinham 20 candidatos por vaga, hoje caíram de 05 por uma. Essa realidade é drástica. No entanto, não vemos nenhum programa federal articulado para políticas de incentivo à docência. Segundo o professor Juarez Dayrell, da Faculdade de Educação da UFMG, “é difícil prever, mas eu diria que, continuando da forma como está, a realidade aponta para o apagão de professores.”

Se, de um lado a idade média dos professores da educação básica está em torno de 35 a 40 anos, por outro lado, muitos têm abandonado a sala de aula ainda na ativa, outra parcela já está se aposentando e as novas gerações estão desestimuladas a buscar a profissão devido à baixa remuneração e à desvalorização social, ao nível de violência e insegurança sociais dentro das próprias escolas. Esse quadro se torna desolador considerando que também o modelo clássico de educação tem sido paradoxalmente defendido por vários alunos e por várias famílias, ainda que exista clara insatisfação pelo modelo antigo de aulas e pelos resultados obtidos pelas novas gerações inseridas nele. Por sua vez, os alunos têm se mostrado, quase sempre, boas pessoas, mas estão longe de serem bons estudantes. Caíram no comodismo e na lei do menor esforço, reforçado por um molde assistencialista de escola, presente em todas as redes de ensino: facilidades para obtenção de pontos e direitos absurdos dados aos alunos têm retirado a autoridade dos professores. E não faltam diretores, pais, conselho tutelar, promotores, para reforçar os direitos dos alunos, em nome de uma esquisita construção da segurança psicológica do aluno.

A perda de autoridade do professor e, portanto, de prestígio social, salários ruins e péssimas condições de trabalhos em várias unidades de trabalho expõem o risco da falta de professores em um futuro bem próximo. Um outro dado que merece estudos e me parece também preocupante é o fato de que mesmo aqueles alunos que estão tendo o privilégio de estudar em escolas de metodologias alternativas não estão se interessando pela docência. São poucos os que retornam para visitar os métodos alternativos e, com certa frequência, não colocam seus filhos para estudar neles. Paradoxo? Algo sério para pensar e estudar.

P.S – Os dados são fruto de análises recentes desenvolvidas pela Pró-Reitoria de Graduação da UFMG e também de estudos do Grupo de Pesquisa sobre Condição e Formação Docente, da Faculdade de Educação – FAE (UFMG).



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Escrito por Educação, no dia 06/06/2015




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