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Fabiana Oliveira


Automutilação: causas, sintomas, diagnóstico e tratamentos



 

Você sabe o que é automutilação? Entende o que leva alguém a se cortar ou a machucar o próprio corpo de forma proposital?

 

O que é automutilação?

 

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A automutilação é todo e qualquer comportamento danoso feito de forma intencional no próprio corpo. Alguns comportamentos que podemos usar de exemplos são: cortes no corpo; arranhões severos; inserção de objetos que causam ferimentos, entre outros.

Frequentemente a automutilação é usada como uma tentativa de regular uma emoção difícil de lidar, configurando-se como uma “anestesia momentânea”.

Essas lesões geralmente vêm com o auxílio de objetos, como navalhas, facas e tesouras sem o interesse de gerar o suicídio. Já que a pessoa está lidando com uma dor emocional muito grande mesmo, os cortes acabam sendo uma forma de a pessoa se centrar no momento.

É claro, se você não está sofrendo com isso, pode ser bem difícil compreender porque uma pessoa faria isso. No entanto, quando você senta e conversa com uma pessoa que está praticando automutilação, ela vai dizer para você que ela também não entende muito bem isso. Mas, ainda assim, acaba sentindo um alívio da dor emocional quando pratica a mutilação.

 

Automutilação é doença?

NÃO! Automutilação não é uma doença, mas pode ser sintoma de diversos transtornos mentais. É preciso ajudar a pessoa a obter auxilio profissional com psicólogo e/ou psiquiatra o mais rápido possível, pois é um sinal que a pessoa está passando por um desafogo emocional e precisa de auxílio.

O diagnóstico da automutilação é feito com base na entrevista clínica. Ou seja, o profissional de saúde como um psiquiatra, um psicólogo ou um médico, vai conversar com a pessoa e avaliar o que tem acontecido na vida dela.

Os sintomas para identificar a automutilação são:

  • Cortes e cicatrizes decorrentes;
  • Manchas de sangue pelas roupas ou pela casa (lençóis, pia, carpete, entre outros locais);
  • Recorrente uso de roupas largas e compridas para esconder ferimentos (mesmo no calor);
  • Recorrente uso de desculpas como “acidente em casa”, “ando atrapalhado”, entre outras);

Por fim, isolamento, em casos de muita dor emocional, leva a pessoa se afastar e sensibilizar suas emoções provocando irritabilidade, choro, culpa, entre outros fatores reforçadores do afastamento.        

 

Relação entre automutilação e depressão

De forma breve, a depressão é uma doença psicológica que incapacita a pessoa, reduzindo drasticamente seus parâmetros de sofrimento. Desse jeito, ela sofre em excesso por coisas que antes não provocavam tanta dor nela.

Então, a relação da depressão com a automutilação vem da redução do prazer e do excesso de pensamentos torturantes e autodepreciativos. Esses, em vários casos, levam a pessoa a querer transferir a sua dor emocional para o corpo – para sentir dor física -, como meio de aliviar, de alguma forma, todos aqueles sentimentos e pensamentos ruins.

 

Quando a automutilação se torna suicida?

A automutilação pode escalar para comportamentos suicidas ou parassuicidas quando o “alívio” se torna cada vez mais difícil de obter e menos duradouro a cada repetição. Por exemplo, uma pessoa que faz cortes na própria pele pode começar a fazer cortes mais frequentes e mais profundos para alcançar o mesmo efeito. Quando algo que dá um alívio momentâneo perde a força, a pessoa tende a buscar aumentar a dose, mesmo tendo o risco de se tornar fatal.

 

Como identificar em crianças, jovens e adolescentes?

Como falado anteriormente, existe uma onda muito forte que romantiza a automutilação. Nesse sentido, uma forma de identificar a automutilação em crianças, adolescentes e jovens é observar o que eles têm usado de referências.

E como fazer isso? Analisando o comportamento delas, observando assuntos levantados entre amigos e se têm escondido mais os braços e as pernas (que são possíveis locais de automutilação).

Para você que é pai, mãe ou professor de jovens, garanta que você esteja presente e situado na vida de seu filho/aluno o máximo possível. Porque são nos detalhes do convívio que conseguimos identificar melhor o que está acontecendo com a pessoa.

Porém, é importante saber os limites de privacidade e garantir que a sua relação seja respeitosa. Porque quando o adulto se mantém presente, mostrando ser um ponto de apoio confiável e seguro para o adolescente, os riscos de uma automutilação acabam diminuindo.

Além disso, monitore se esse adolescente passou por algum luto recente ou alguma situação que esteja demandando muito do seu emocional. Visto que o jovem ainda está em processo de construção da sua estrutura emocional, algo que para você pode parecer banal, para ele, pode estar gerando uma grande dor sentimental – com a qual ele não consegue lidar.

Monitore e não banalize! Ou seja, escute a dor dessa criança, por menor que pareça para você.

 

Fatores de Risco

Os fatores de risco não são uma via de regra, mas sim uma maior probabilidade de estar em risco, já que são dados mais comuns entre casos registrados de automutilação.

Alguns fatores de risco para a automutilação podem ser:

  • Ser do sexo feminino;
  • Ser adolescente ou um jovem adulto;
  • Ter amigos que fazem automutilação;
  • Crises e distúrbios neurológicos;
  • Distúrbios de identidade e autoestima baixa;
  • Elevados níveis de dor emocional;
  • Momentos de luto;
  • Abuso de drogas lícitas e ilícitas;
  • Desregulação emocional.

 

E fique atento ao último ponto! Se a pessoa estiver oscilando muito em suas emoções – agindo sempre nos extremos, ligue o alerta! Porque alguns dos fatores de risco descritos anteriormente podem levar a uma desregulação emocional, que é um fator de risco muito importante para a automutilação!


Onde buscar ajuda?

 

Na escola:

  • Educadores, acolham seus alunos, eles não estão chamando a atenção, pelo contrário, eles têm o medo de serem descobertos; escutem o que eles têm a dizer! Falem sobre a automutilação na escola. Proponham debates, soluções, caso estejam com algum aluno com comportamentos que possam ser suspeitos. Respeitem, eles estão em sofrimento;
  • Promovam jogos, dinâmicas e rodas de conversas mediadas por um psicólogo ou professor capacitado para abordar os temas pertinentes aos jovens;   
  • Encaminhem os alunos para ajuda terapêutica, falem com os pais e ofereçam apoio, compreensão e carinho, sem punição e julgamento;
  • Encaminhem para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) mais próximo de seu bairro;
  • Fale abertamente com seu professor, ele saberá como te ajudar;
  • Se é seu amigo ou amiga que sofre por uma ansiedade intensa e que está se automutilando, tenha um diálogo com ela (e). Ofereça um abraço e diga que ela não está só. Pare para escutá-la, mesmo que isso te choque. Diga sempre que você estará disponível para conversar.

 

Para os pais:

  • Observe as roupas que seu filho escolhe. Fique atento às mudanças de comportamento que ele apresenta. Eles podem expressar seus desconfortos com agressividade;
  • Avalie a importância de estarem mais juntos, pergunte sempre ao seu filho: “como você está? ”, “com quem você vai sair?”, “precisa de algum coisa?”, “como posso te ajudar?”;
  • Permita que eles falem o que sentem, não interrompa. Não se desespere, sempre há tempo para resgatá-los;
  • Não sinta culpa. Acolha-os e estejam abertos para um diálogo amoroso e sem julgamentos, eles precisam do seu olhar.

 

 

Um jeito de ajudar alguém que sofre com a automutilação é mostrar as consequências a longo prazo dessa prática. Ou seja, que pode parecer um alívio na hora, mas que ainda assim está fazendo muito mal para ela.

Depois disso, mostre que existe ajuda para esses casos e que não vale a pena trocar uma dor por outra. Toda ajuda é bem-vinda. Seja enviar esse texto para uma pessoa que necessita, ou seja conversar diretamente com ela sobre as consequências disso para a sua vida.

Embora seja importante falar sobre, sempre que possível também incentive a pessoa a buscar um terapeuta – porque ele terá todas as habilidades necessárias para lidar com isso e também pode estar ligando para o Centro de Valorização a Vida (C.V.V) – Ligue 188;

 

Tratamentos

Como existem várias condições que podem levar à automutilação, o primeiro passo é buscar a terapia para identificar a origem dessa situação. Dessa forma, você será encaminhado para o melhor tratamento! Abaixo, listamos algumas das opções de tratamento:

  • Terapia Comportamental;
  • Tratamento Psicofarmacológico prescrito;
  • Grupos de apoio locais;
  • Em casos extremos: internação psiquiátrica
  • Com o tratamento adequado e a ajuda terapêutica e/ou multidisciplinar, seu filho pode melhorar. E o papel do psicólogo nesse caso é ajudar a compreender o que está acontecendo e encontrar outras possibilidades para o alívio da tensão emocional. 

Além do mais, auxiliar a lidar com situações difíceis positivamente, ajudar o indivíduo a ser autêntico, responsabilizar-se por seus atos e escolhas. Melhorar a autoestima, a tomada de decisões, e como consequência, os relacionamentos familiares, amorosos e sociais. 

 

Texto inspiração: Eurekka

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Escrito por Fabiana Oliveira , no dia 16/10/2020

Fabiana de Oliveira Costa


Psicóloga


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