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Pesca


Encerrando a temporada de pesca



Aproveitando a última semana antes do período da Piracema, estivemos hospedados no rancho Lobo Leite, no pontal do Abaeté, em Três Marias. Dessa vez o meu parceiro foi o radialista Ramiro Cruz, que se mostrou um grande companheiro, sempre entusiasmado e disposto a qualquer parada. Lá nos encontramos com Maurício Sapinho, que já estava por lá desde a semana anterior.

Segundo ele, o peixe que estava saindo era Matrinxã, e somente a noite, numa área do rio bastante cevada. Realmente, durante o dia, além de um calor infernal, os peixes não estavam ativos, com exceção dos pacus, que proporcionaram bastante diversão, com vara de mão e linha fina. A água, apesar de muito limpa, estava com um bom nível, permitindo uma navegação tranquila. Uma forte chuva, que caiu na tarde da sexta, dia 27, sujou completamente a água do rio, proporcionando o degradante espetáculo da caça ao dourado.

Diversos barcos de pescadores dito profissionais descem de Três Marias com redes de mais de 100 metros, varrendo todo o rio. Com a água suja, o peixe não enxerga a rede e vira presa fácil. Felizmente, no outro dia a água já estava limpa novamente e a matança terminou. Ainda assim, tivemos notícia de muitos dourados capturados, o maior deles uma fêmea, com mais de 15 Kg, só de ovas mais de 1 Kg.

Durante este ano, tivemos vários fatos que merecem destaque, infelizmente, todos eles negativos: a falta de chuvas, que está iminente desde 2013, já dá mostra de muita coisa ruim que ainda pode vir. Grande parte dos peixes não está conseguindo desovar. Sem grandes volumes de água viram presas fáceis e quando conseguem se livrar dos pescadores não conseguem chegar às lagoas marginais, local ideal para a desova.

Como consequência, notamos a diminuição dos cardumes e o desaparecimento quase total de algumas espécies. Durante todo o ano, pescando nos rios Paracatu e São Francisco, não consegui fisgar nenhum piau verdadeiro. Parece um fato sem importância, mas isso nunca tinha acontecido antes. Fato idêntico aconteceu com o piau três pintas, que também está desaparecendo. Pesquei este ano também no estado do Pará (rio Xingu) e também por lá a coisa não está muito diferente. É necessário que as entidades se unam para conseguir mudanças urgentes e necessárias. Em minha opinião, a única salvação seria o fim dos pescadores profissionais, que se transformariam em guias de pesca.

Segundo boatos que estão circulando, neste ano, não haverá pagamento para os profissionais durante a piracema e que terá um recadastramento geral. Pelo menos é um início, que se for feito, dá alguma esperança. Infelizmente, fica difícil acreditar nos órgãos públicos. Para se ter uma ideia, já estamos no fim de novembro e, pelo menos que eu saiba, nenhum órgão ainda publicou a portaria que regulamentará a piracema deste ano. Ninguém quer assumir a responsabilidade. Fica um transferindo para o outro e o pescador amador, que se preocupa em seguir as normas, fica sem orientação.

 

Ronaldo de Oliveira

Pescador

 



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Escrito por Pesca, no dia 04/12/2015




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