Me disseram que Fernando se equivocou. E nem sou de mestrança que valha discordar. Tudo foi interrompido. Não houve começo de qualquer espécie. Procrastinou-se ao máximo prá dizer que Vinicius matou quase tudo que existia no jardim atrás da porta. Ocorreu que alguém gritou e escreveu nessa mesma tela – A CULPA FOI DO JARDIM – que sovela o caminho de quem sempre conta histórias. Não se encontrou a estrada e nem se viu o horizonte. O cético – é verdade – não ama o ceticismo. Mesmo que haja lágrimas – de sangue – escondido ele quer acreditar nesse pedaço de mundo. Pode parecer esse escrito, imitação burlesca de coisa séria. Quem disse que não o é? Pode ser, outrossim, o todo de qualquer parte e que vive sem ela. Me disseram que é manifesto do que tem força de manietar o coração de Julieta e matar Romeu. Se tiver tempo que faça jeito de parar. Chega de rapinar as almas dos poetas. Cuida da rosa que nem nasceu ainda e tombou perto deles. Recurvado em demasia o noticiador vasculha todos os folhetins que lhe contam histórias tuas. As mãos mais trêmulas do que antes seguram um fiapo de rosa que ele encontre. O tresloucado verbo, sem ação, mostra a cara e sai em desenfardada correria de criança que nasceu tem pouco tempo. Aquele que me contou toda história é agora um eremita pindérico, maltrapilho e miserável. Sei bem que esse enfado todo nem é crônica, dura muito tempo, inveterado e permanente entorta aquela alma. Sei, ainda, que ele jamais voltou de verdade prá casa. O jardim e a culpa estão mergulhados noutro tempo, mas isso é outra história que o tempo vai contar.
Sílvio Lopes de Almeida Neto
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Escrito por Silvio Lopes, no dia 17/07/2020
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