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Educação


Projetos para a primeira infância



De olho no longo prazo, ações para a primeira infância ganham força. Fase crucial para o desenvolvimento da criança é alvo de projetos e pesquisas por todo o país. Depois de conviver com problemas do filho Cássio, Keith passou a se reunir com a família toda semana, como visitadora do programa Criança Feliz, no município de Arujá (Grande São Paulo). O foco era fortalecer o vínculo afetivo entre o menino, a mãe e a irmã. As atividades também visavam incentivar a estimulação verbal de Cássio.
Lançado em 2016, o programa de visitação domiciliar do governo federal atende, hoje, 600 mil gestantes e crianças, como Cassio, e é considerado um dos maiores nesse estilo no mundo. Mas não é uma iniciativa isolada no Brasil. A Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo) lançou recentemente o Projeto Empresários pela Primeira Infância, em parceria com a Fundação José Luiz Egydio Setúbal.
Partindo desse mesmo diagnóstico, a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV) se dedica, há mais de uma década, a desenvolver projetos que aumentem a estimulação adequada das crianças. “Inúmeros programas mostram que o olhar para duas gerações, a dos pais e a dos filhos, pode ser muito efetivo para a ruptura dos ciclos de baixo desenvolvimento”, diz Marina Fragata Chicaro, coordenadora de conhecimento aplicado da FMCSV.
Um dos cálculos de Heckman e seus coautores mostra que cada US$ 1 investido no desenvolvimento infantil gera rendimento anual (descontada a inflação) de 8% a 10% no futuro, contra 5% das aplicações no mercado de capitais. “Se não houver desenvolvimento cognitivo, nutricional e socioemocional na primeira infância, todo o investimento que se fizer em educação básica terá pouco retorno, pois as crianças já chegam à escola com deficiências importantes”, diz Rita Almeida, economista do Banco Mundial.
Pesquisador na Universidade Rice, nos Estados Unidos, Cunha acaba de testar na Filadélfia um programa que incentiva pais de baixíssima renda a conversarem mais com os filhos. Estudos anteriores mostram que a linguagem de crianças pobres aos 36 meses equivale à das nascidas em famílias de alta renda aos 24 meses.
Pesquisa feita pela FMCSV em 2017 mostrou que, no Brasil, 40% dos pais ignoravam o potencial de desenvolvimento até os seis meses de idade, e a vasta maioria dos participantes não sabia que esse processo tem início já na gestação.
O economista, que participou do projeto patrocinado pelo Banco Mundial no Ceará, cujos resultados estão sendo mensurados, pretende replicar o experimento da Filadélfia no Brasil. As famílias de metade das crianças, chamadas de grupo tratamento, receberam visitas quinzenais de 45 minutos para orientação. Os agentes ensinavam os responsáveis a estimular seus filhos por meio de brinquedos feitos a partir de materiais recicláveis do dia a dia.
Resultados precisos ainda serão divulgados. Alexandra Brentani, responsável pelo projeto, acredita que seus efeitos serão duradouros: “A experiência muda a forma como a mãe vê a criação de uma criança”, diz ela, que é do departamento de pediatria da Faculdade de Medicina da USP.

Texto adaptado. Disponível no site da Folha de São Paulo, seção Cotidiano.



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Escrito por Educação, no dia 30/05/2019




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