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Educação


Os novos governos e a Educação



Instigados pela crise política e econômica do país, vários profissionais estão se mobilizando para cobrar dos futuros governantes um compromisso ético com a Educação. A realidade do Ensino Médio está bastante precária no país e exige uma tomada de consciência e decisões políticas arrojadas para resolver os gargalos que emperram nosso sistema educacional. As reflexões abaixo, com alguns comentários meus, são de Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-diretora de Educação do Banco Mundial. 

Recentemente, tivemos dois eventos que podem ter importante papel na política educacional dos novos governos: um grande congresso dos jornalistas que cobrem educação no país e o encerramento de um curso, oferecido para funcionários de carreira de cada uma das 27 secretarias estaduais de educação, sobre a reestruturação do ensino médio. Há neles uma agenda comum: assegurar que o ainda insuficiente esforço para melhorar a qualidade da educação seja mantido e acelerado nos próximos governos. 

Isso inclui não destruir iniciativas promissoras que não tiveram tempo para dar frutos em cada estado. Entre elas, o aperfeiçoamento e a implementação da Base Nacional Comum Curricular, que o Brasil tanto demorou em preparar. Essa mazela brasileira de cada governo retaliar as boas iniciativas de reconhecida relevância social, de governos anteriores, tem de desaparecer.

O congresso de jornalistas incluiu painéis com gestores públicos, jornalistas, pesquisadores em diferentes tópicos da política educacional - do país e do exterior , professores, estudantes e inovadores em educação. A ideia é influenciar a opinião pública na direção de excelência e equidade para todos.

Já no curso com servidores públicos das secretarias, organizado pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) com o apoio de parceiros, os trabalhos de conclusão - a serem apresentados aos novos governadores - envolviam a preparação de uma estratégia para preparar o currículo estadual de ensino médio e a identificação de ações para melhorar a qualidade da educação neste nível de escolaridade.

Esses esforços complementam o que a iniciativa Educação Já, do Todos pela Educação, tenta fazer com os candidatos a governantes: trazer para eles propostas concretas (e não apenas diagnósticos) para garantir o acesso de todos aos bancos escolares e a sua permanência com aprendizagens significativas, para, realmente, termos igualdade de oportunidades. Esta última é a promessa mais importante de uma sociedade justa e com crescimento inclusivo.

Nos três programas, um destaque é a ênfase na urgência em se promover maior atratividade da carreira de professor e em se investir na melhoria da formação inicial que ele recebe no ensino superior, hoje divorciada do chão da escola. Infelizmente, aqui está um dos maiores desafios para quem leva a educação a sério. Sinto uma dó tremenda ver diretores e autoridades políticas, lideranças sociais e autoridades religiosas compactuando, na licenciosidade, com a oferta fajuta de cursos fajutos que formam agentes incapazes de dizer que tipo de sujeito querem formar e com que modelo de sociedade eles sonham, trabalhando à deriva sem ter intencionalidade pedagógica explícita. E muitos desses cursos não caem no crivo do MEC ou passam por ele com autorização legal para funcionamento. O professor precisa receber maior suporte em sua prática (inclusive por meio de uma formação continuada relevante para o que se faz na sala de aula) e reconhecimento social.

Mas há outro elemento que chama a atenção e me lembrou de ?A Sociedade em Rede?, obra consagrada de Manuel Castells: a convergência de esforços de diferentes setores sociais para que as parcas realizações em educação não se percam e que, no afã de se produzir novidades, não se jogue fora a criança junto com a água do banho.

Fonte ? Folha de São Paulo, seção Cotidiano.

José Antônio dos Santos

Membro da ACLCL e mestre pela UFSJ

Contato: joseantonio281@hotmail.com




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Escrito por Educação, no dia 31/08/2018




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