O segundo semestre escolar começou e, logo, as crianças voltarão a ter dever de casa. Muitos pais acham importante ficar ao lado dos filhos na hora dos estudos, mas não sabem como ajudar corretamente. Os especialistas pedem cautela, já que o processo de aprendizagem de cada criança é único - e saber organizar as próprias tarefas faz parte do desafio da lição.
Rosana Auricchio, coordenadora do curso de Pedagogia do Grupo Educacio¬nal Drummont, afirma que os pais devem mostrar interesse pelas atividades escolares dos filhos. "O pai pode supervisionar a lição de casa, mas não deve ficar ao lado, esperando a criança fazer a tarefa", orienta. "Muitos têm pouco tempo e acabam fazendo o dever de casa para o filho se livrar". A maior verdade é que os adultos querem se livrar é das crianças. Quanto mais rápido elas forem despachadas para outra atividade em que ela se virem sozinhas, melhor. Só que isso gera danos como falta de respeito, de compromisso e de valorização das tarefas escolares pelas crianças, ao observarem os adultos querendo se livrar das tarefas e delas próprias.
?Segundo Rosana, a função da tarefa escolar é fixar o aprendizado que o aluno teve em aula. Com o pai ao lado, a criança tende a dizer que não sabe resolver a tarefa, porque quer que ele passe o maior tempo possível perto dela. "Para quem foi mal no primeiro semestre, eu aconselho que priorize os estudos da escola e deixe de lado atividades extracurriculares", diz Rosana?.
Fazendo contra-argumento a essa análise da coordenadora Rosana, como educador e pai, já vivenciei crianças alegando aos adultos que teriam de fazer as tarefas para elas, já que estavam ali mesmo olhando, sem fazer nada. Sempre reagi contra essa fala de meus filhos e lhes mostrei que a tarefa era deles - e não minha. Que, como pai eu já tinha várias tarefas a fazer e que cada um deveria cumprir a sua parte.
Carla Salcedo, neuropsicóloga do Espaço Vivacità, explica que, na intenção de ajudar, muitos pais acabam atrapalhando o processo de aprendizagem da criança. "Por exemplo, tem criança de cinco a sete anos que está aprendendo a escrever, e o pai fica com a borracha apagando a escrita, porque quer uma letra mais bonita. Isso gera frustração e sofrimento", observa. Aqui vou fazer outra intervenção crítica. Os adultos erram muito em querer que as crianças tenham traços de adultos em suas escritas.
Há alguns anos uma mãe contou bastante revoltada que uma professora de sua filhinha criticou a letra da filha e a colagem transversal de uma figura que ela cobrou como tarefa. Uma educadora que só pensa dentro do quadrado é incapaz de formar crianças para um momento como o nosso que vai exigir das crianças a habilidade de administrar situações difíceis e achar soluções para seus problemas de crianças.
Laura Calejon, coordenadora do Cedepp (Centro de Desenvolvimento Pessoal e Profissional), afirma que a família deve dialogar com a escola para ambas seguirem juntas na educação da criança. "Os pais precisam conhecer o caminho que a instituição está trilhando no ensino de seus filhos", finaliza. Muitos diretores, pais e professores sequer sabem qual é o caminho.
Falta intencionalidade pedagógica na formação das crianças. O projeto pedagógico, que deveria ser o símbolo dessa intencionalidade, costuma ser copiado de outras escolas. Outros estão sumidos em alguma gaveta da secretaria, onde diretores e professores nunca mexeram e nenhum pai nunca pediu para conhecer. Parece mentira, mas é real. É assim que pais e escolas vão dar conta de fazer as crianças serem responsáveis com seus deveres, se querem mais é ficar livres delas?
José Antônio dos Santos
Membro da ACLCL e mestre pela UFSJ
Contato: joseantonio281@hotmail.com
Fonte comentada: https://f5.folha.uol.com.br/viva-bem/2018/08/pais-devem-acompanhar-estudos-da-crianca-mas-nao-interferir-nem-resolver-as-tarefas.shtml . Acesso 05/agosto/2018.
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Escrito por Educação, no dia 16/08/2018