Alguns colegas,
principalmente das redes públicas, têm comentado sobre a rotatividade dos novos
professores nas escolas. Chegam, ficam entre uma ou duas semanas e abandonam a
escola. Por que isso está acontecendo? Penso que sabemos parte da resposta para
este problema que assusta e nos deixa sem muita saída. Os novos professores
deveriam estar afinados com o perfil das novas gerações de alunos, pois estão
mais próximos por idade e tendências, pensamentos e atitudes do que se poderia
esperar de nós professores antigos. Todavia, isso não tem sido suficiente para
aplacar e resolver conflitos que têm aparecido entre alunos e professores
jovens na rotina escolar.
É possível que os
professores jovens estejam familiarizados com as novas tecnologias como seus alunos
e que, também, participem de redes sociais. Frequentam festas e têm linguagem
muito próximas dos alunos, vivem os mesmos desafios de uma época rica de
oportunidades e de ideias, de recursos tecnológicos e de globalização de quase
tudo o que se pode imaginar. Estão conectados com o mundo da tecnologia e suas
potencialidades. Não deveriam, com isso, terem construído condições de
convivência com os alunos? Só a tecnologia não está garantindo essa conquista.
Como explicar, então, os desencontros entre os novos professores, as novas
gerações e as novas tecnologias? Arrisco alguns palpites como respostas.
Uma hipótese seria a de
que, apesar de novos, muitos professores não estão preparados para usar novos
recursos tecnológicos como mediação pedagógica. Usam seus aparelhos, quase
sempre, com a mesma finalidade dos alunos: diversão e prazer. Por isso, têm
dificuldade para aplicar as novas tecnologias em sala de aula. Portanto, a
identificação deles com os alunos se dá no nível da fruição, o que não elimina
os conflitos, uma vez que muitos alunos querem, por exemplo, usar seus
celulares, deliberadamente, durante as aulas.
Outra hipótese seria o
fato de que os alunos manejam as novas tecnologias melhor do que os seus
professores. Dessa forma, estão em condição de vantagens. Dominam os
aplicativos com mais eficiência do que seus mestres, mas estão pouco
interessados em achar formas de como usá-los na aprendizagem de conteúdos
escolares. Em alguns casos, sabem usar as tecnologias para a burla e a
enganação, para a corrupção e a trapaça.
Talvez os professores
jovens se sintam mais seguros reproduzindo as práticas tradicionais que
aprenderam com seus antigos professores, ainda que elas não se harmonizam com
as novas tendências tecnológicas.
Na verdade, trata-se de
uma insegurança que os leva ao apego a tudo que, apesar de ultrapassado, tenha
garantido sucesso no passado e ainda esteja assegurando algum resultado, no
presente. Parece que isso gera um choque com as novas gerações e um desafio aos
professores jovens: como articular métodos tradicionais a novas tecnologias da
informação? Se isso for possível, sem existir uma ruptura e revolução interna
no modelo tradicional de educação escolar, não seremos os professores antigos
que ensinaremos, uma vez que, também nós, não dominamos a aplicação das novas
tecnologias em aulas. Disso desponta outro desafio aos professores jovens:
achar um caminho docente próprio.
Esse caminho ainda não
existe, mas será necessário. Os alunos também não sabem dizer como ele seria,
mas mostram que os meios tecnológicos tradicionais não conseguem mais a atenção
e o interesse deles. Aqui está parte da explicação da existência da violência
simbólica e da violência física nas escolas. Esses desafios são reais ou seriam
meros devaneios meus?
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Escrito por Educação, no dia 22/06/2015