Fotos: Universo Produção/divulgação
Marisa Orth
A CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto celebra 20 anos de existência em 2025. De 25 a 30 de junho, a cidade histórica será palco de acontecimentos no campo da preservação, história e educação ao sediar o único evento realizado no país que trata cinema como patrimônio e traz como tema central a Preservação: A Alma do Cinema Brasileiro
A programação está estruturada em três temáticas - preservação, história e educação e será realizada na Praça Tiradentes, no Centro de Artes e Convenções e no Cine-Museu da Inconfidência. Serão exibidos mais de 100 filmes em pré-estreias nacionais e retrospectivas, homenagens, debates, oficinas, sessões cine-Escola, mostrinha de cinema, exposições, cortejo, shows musicais e atrações artísticas e, ainda, a realização do 20º Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e do Encontro da Educação: XVII Fórum da Rede Kino – Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual. Toda programação é oferecida gratuitamente para um público estimado em mais de 20 mil pessoas.
Conheça o enfoque e homenageados de cada temática da 20ª edição da CineOP:
Temática Histórica: o humor das mulheres no cinema brasileiro
A temática histórica da 20ª CineOP propõe uma reflexão sobre o papel do humor no cinema, com foco na atuação das mulheres, tanto na frente quanto nos bastidores das produções audiovisuais. O humor enquanto linguagem cinematográfica sempre desempenhou papel importante no Brasil, e as mulheres historicamente enfrentaram desafios para se destacarem nesse território, marcado pelo protagonismo masculino. A Mostra de Ouro Preto pretende então destacar como o fazer rir foi sendo ocupado por vozes e presenças femininas, transformando estereótipos e ampliando as possibilidades narrativas.
Ao longo das últimas décadas, a presença das mulheres no humor brasileiro teve vários tipos de acréscimos e ofereceu novas perspectivas. Essa evolução foi acompanhada por mudanças culturais e sociais que permitiram a atrizes e comediantes se tornarem não apenas intérpretes, mas também criadoras de suas próprias narrativas cômicas. A CineOP revê esse processo e debate sobre a importância de revisitar diversos filmes à luz de um olhar contemporâneo para o humor e suas formas de realização a partir dessas perspectivas. Para os curadores da Temática Histórica, Cleber Eduardo e Juliana Gusman, “o humor das mulheres no cinema brasileiro é uma expressão de resistência e de criatividade que desafia estereótipos de gênero e cria novas formas de representação”. Destacam: “o humor pode ser uma ferramenta poderosa de crítica e transformação social”.
Homenagem à atriz Marisa Orth
Dentro do sentido amplo da Temática Histórica, a 20a CineOP homenageia a atriz Marisa Orth como um dos principais talentos do humor e das artes cênicas no país. Com carreira que transita entre o cômico e o dramático, a televisão e o teatro, o popular e o cult, ela se consolidou como figura multifacetada e autêntica. Sua mais icônica personagem, Magda Antibes, da sitcom “Sai de Baixo”, é lembrada ainda hoje pela crítica irônica aos lugares-comuns da representação feminina, trazendo à tona questões profundas e sempre bem-humoradas sobre o tema.
Além de sua atuação em séries e novelas, Marisa Orth também participou de filmes como “Doces Poderes” (1997), “Durval Discos” (2002) e “É Proibido Fumar” (2009), além de integrar musicais de grande destaque nos palcos brasileiros. Sua versatilidade é celebrada por público e crítica, ambos reconhecendo a capacidade de transitar entre diferentes linguagens e formatos artísticos. Para o curador Cléber Eduardo, “Marisa Orth é uma artista que sintetiza a elasticidade do humor e a força criativa das mulheres no audiovisual brasileiro”.
Temática Preservação: criar memória
A trajetória da CineOP Mostra de Cinema de Ouro Preto está intimamente ligada a iniciativas pioneiras na preservação audiovisual no Brasil, como a criação da Associação Brasileira de Preservação Audiovisual e do Plano Nacional de Preservação Audiovisual. Em 2025, o evento reforça a necessidade de olhar para os desafios contemporâneos da área, incluindo a adoção de novas tecnologias, a ampliação do acesso e o fortalecimento das políticas públicas de preservação.
Nesse intuito, a curadoria da Temática Preservação, assinada por José Quental e Vivian Malusá, definiu olhar o passado recente e o presente da área, revisitando as razões que movem os preservadores, os objetivos e missões envolvidas, as diversas finalidades e diferentes formas de colocar essas atividades em prática. O objetivo é lançar um olhar analítico sobre a complexidade da área, especialmente no Brasil, com o intuito de reposicionar os desafios atuais de maneira propositiva.
“A CineOP é um evento político, técnico, artístico e conceitual, refletindo a pluralidade que deve caracterizar a preservação, que lida com a diversidade do patrimônio audiovisual”, destaca a curadoria. “É um espaço de reflexão, aprendizado, renovação e descoberta, onde o trabalho das instituições de guarda, frequentemente realizado nos bastidores, ganha visibilidade e se fortalece e onde os filmes do passado encontram novos públicos e voltam a circular e criar novas memórias”.
Prêmio Preservação será concedido ao professor joão luiz vieira
O Prêmio Preservação é uma das novidades da 20ª edição da CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto. Foi idealizado como uma resposta à crescente necessidade de ações concretas para a salvaguarda dos acervos audiovisuais do país. Portanto, o prêmio visa reconhecer profissionais, valorizar iniciativas e/ou projetos dedicados à preservação do patrimônio audiovisual brasileiro, alinhando-se ao tema central do evento: “Preservação: A alma do cinema brasileiro”. A introdução deste prêmio reforça o compromisso da CineOP com a preservação do patrimônio cinematográfico nacional e com o incentivo a práticas que contribuem para a formação técnica e profissional, que garantam o acesso, o contexto e a diversidade das imagens que compõem a identidade do Brasil
O Prêmio Preservação da 20ª edição da CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto será concedido ao professor João Luiz Vieira, em reconhecimento ao seu destacado trabalho na formação, preservação e valorização do patrimônio audiovisual brasileiro. João Luiz Vieira é um dos principais nomes da preservação audiovisual no Brasil. Professor associado da Universidade Federal Fluminense (UFF), ele foi coordenador do LUPA – Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual, pioneiro na preservação de filmes amadores e regionais produzidos por estudantes. Além disso, é membro ativo da Rede Universitária de Acervos Audiovisuais (RUAAv) e tem contribuído significativamente para o fortalecimento da preservação audiovisual no país.
Sua atuação inclui a participação em debates e mesas redondas sobre preservação audiovisual, como o Encontro de Arquivos da CineOP, onde discutiu iniciativas colaborativas e avanços na preservação do patrimônio audiovisual brasileiro. Além disso, Vieira tem sido um defensor da criação de políticas públicas para a preservação do audiovisual, como evidenciado em sua participação em mesas sobre políticas públicas para o patrimônio e a preservação audiovisual. A escolha de João Luiz Vieira para o Prêmio Preservação reflete seu compromisso contínuo com a preservação da memória cinematográfica brasileira e sua contribuição para a formação de uma rede sólida de profissionais e instituições dedicados à causa.
Temática Educação: lugares de memória, acervos e acessos
A Temática Educação da CineOP 2025, assinada por Clarisse Alvarenga e Adriana Fresquet, propõe um debate sobre a integração dos acervos audiovisuais ao ambiente pedagógico e destaca seu papel como lugares de memória fundamentais para a construção de conhecimento. Com a continuidade do Programa Nacional de Cinema na Escola, a Mostra busca aprofundar a discussão sobre como os filmes podem ser utilizados como ferramentas educativas para criar novas narrativas e contranarrativas.
“Os acervos da América Latina são fundamentais para as práticas pedagógicas nos dias de hoje”, afirmam as curadoras. “Nos referimos aos acervos pessoais, familiares, passando pelos acervos escolares e também compostos por filmes realizados por cineastas. Estamos considerando, portanto, que tanto a escola, quanto a família, as comunidades, os territórios, os filmes podem se tornar lugares de memória que oferecem possibilidades pedagógicas fundamentais”.
A temática destaca o uso de arquivos audiovisuais para promover a diversidade e a inclusão, trazendo para a sala de aula perspectivas de mulheres, povos indígenas, negros, LGBTQIA+ e outras vozes historicamente marginalizadas. A proposta é que os filmes não sejam apenas exibidos, mas trabalhados a partir de curadorias e práticas pedagógicas que estimulem a reflexão e o diálogo. Além disso, as discussões da Temática Educação pretendem reforçar a necessidade de políticas públicas que garantam o acesso aos acervos e a implementação efetiva da Lei 13.006/2014, que prevê a exibição de cinema brasileiro nas escolas. “A disponibilidade pública dos acervos audiovisuais é essencial para que professores e estudantes possam trilhar os caminhos amplos e adequados dentro de uma democracia", ressaltam as curadoras.
Prêmio Cinema e Educação
Como parte das comemorações dos 20 anos da CineOP, nesta edição, será concedido o Prêmio Cinema e Educação à educadora Maria Angélica Santos. Esta homenagem reconhece sua trajetória dedicada à integração do cinema no ambiente escolar, promovendo a alfabetização audiovisual e a formação crítica de alunos e professores.
Maria Angélica Santos é uma referência nacional na área de alfabetização audiovisual. Ela coordenou o Programa de Alfabetização Audiovisual da Cinemateca Capitólio, em Porto Alegre, que se destaca por suas práticas pedagógicas inovadoras que utilizam o cinema como ferramenta de aprendizado e reflexão crítica. Além disso, Maria Angélica é membro ativo do GT Cinema-Escola, grupo que tem sido fundamental na elaboração de propostas para a implementação de políticas públicas que garantam o acesso ao cinema nas escolas brasileiras.
Sua atuação inclui a participação em debates e mesas redondas sobre a Lei Federal 13.006/2014, que estabelece a obrigatoriedade de exibição de filmes brasileiros nas escolas, e a construção de um Plano Nacional de Cinema na Escola. Durante a 19ª CineOP, Maria Angélica participou do debate “Por que um Plano Nacional de Cinema na escola?”, discutindo a importância de políticas públicas para o acesso ao cinema nas escolas e as expectativas em relação à resposta do poder público a essas contribuições. A escolha de Maria Angélica Santos para o Prêmio Cinema e Educação reflete seu compromisso contínuo com a formação de uma geração crítica e criativa, capaz de compreender e utilizar o cinema como linguagem e ferramenta pedagógica.
Toda a programação é gratuita e pode ser consultada no site oficial: www.cineop.com.br
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Postado por Sônia da Conceição Santos, no dia 05/06/2025 - 14:20