Foto: Arquivo Jornal CORREIO
A PRF e a EPR Via Mineira destacam que boa parte desses acidentes poderia ter sido evitada com um pouco mais de prudência
Sete meses após o início da concessão da BR-040 à EPR Via Mineira, o trecho entre Belo Horizonte e Juiz de Fora permanece um dos mais letais de Minas Gerais, com a maior parte dos acidentes atribuída à imprudência dos motoristas. Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrados em 2022, 2023 e 2024, e um levantamento exclusivo da concessionária para o período de agosto de 2024 a março de 2025, apontam uma escalada de 34% no total de sinistros e ressaltam que a infraestrutura, embora em transformação, não é suficiente sem uma mudança de comportamento.
Em 2022, o trecho registrou 757 sinistros, número que subiu para 779 em 2023 e para 800 em 2024, acumulando uma alta de 5,7% no período. O total de feridos também aumentou: passou de 954 em 2022 para 1.066 em 2023, recuando para 992 em 2024, mas ainda com uma alta acumulada de 4%. Já o número de mortos teve uma forte oscilação: após subir 10,4% de 2022 (67 óbitos) para 2023 (74), caiu 33,8% em 2024, com 49 vítimas fatais — o que representa uma redução acumulada de 23,33% em relação a 2022. Segundo a PRF, os sinistros que mais causaram óbitos foram as colisões frontais, atropelamentos de pedestres e saídas de pista.
O preço da imprudência
É importante ressaltar que tanto a PRF quanto a EPR Via Mineira destacam que boa parte desses acidentes — e, consequentemente, dos óbitos — poderia ter sido evitada com um pouco mais de prudência na direção. Isso fica ainda mais claro em um recorte feito entre agosto de 2024 e março de 2025, período de vigência da nova concessão: “91,5% dos acidentes registrados na BR-040 nesse período, entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, tiveram como causa principal a imprudência, a falta de atenção ou o desrespeito às leis de trânsito, como o uso de celular ao volante e a ausência do cinto de segurança”. No período, houve um aumento de 34% no número total de acidentes, concentrado principalmente em ocorrências sem gravidade, com danos materiais.
Os acidentes com vítimas fatais e o número de vítimas fatais mantiveram-se estáveis”, explica. Para a concessionária, esses dados reforçam a importância das ações desenvolvidas pela EPR por meio do Programa de Redução de Acidentes (PRA), que inclui campanhas de conscientização, mapeamento de pontos de atenção e parceria com a PRF, além das obras de requalificação da rodovia: “Revitalizamos mais de 180 km de faixas, além de termos realizado reforço na sinalização, instalação de dispositivos de segurança e manutenção de pontes, viadutos e passarelas.
As intervenções mostram resultados concretos: não houve registro de acidentes com vítimas fatais em trechos historicamente críticos, como o acesso à comunidade de Água Limpa (km 572), a Curva da Celinha (km 586 ao km 588), o Trevo de Moeda (km 575) e o Trevo do bairro Paulo VI (km 633).
Tragédia que dói e cobra respostas
Apesar dos avanços, tragédias continuam a marcar famílias que dependem da BR-040. No dia 13 de fevereiro, o jovem Gabriel Costa da Silva, de 20 anos, perdeu a vida ao ser atingido por uma carreta nas proximidades do Posto Trevão, na entrada de Queluzito. Ele era morador do distrito de Buarque de Macedo e seguia para o trabalho quando foi atingido, falecendo ainda no local.
As circunstâncias do acidente estão sendo investigadas pelas autoridades competentes. Para a mãe, Hélica Aparecida Costa, a dor da perda se mistura à indignação. “Meu filho era tudo pra mim. Lutava ao meu lado, dividia as responsabilidades de casa, cuidava da avó e da irmã mais nova, que faz tratamento psicológico desde a perda do pai. Era um menino estudioso, trabalhador, cheio de sonhos. No dia anterior ao acidente, ele me disse: ‘Mãe, sábado vou receber e a gente paga a ressonância da vovó’. Não deu tempo. A vida dele foi tirada antes disso”, relata, em meio às lágrimas. Segundo Hélica, o motorista da carreta envolvida no acidente se apresentou apenas após a chegada da polícia e foi preso no próprio local. A empresa responsável pelo veículo é sediada em Contagem, na Região Metropolitana de BH. Meses depois, a mãe segue em tratamento médico devido ao abalo psicológico. Ela conta que todos os dias são marcados por dor, saudade e indignação. “Choro todo dia. Sinto uma dor no peito que parece que não vou aguentar. Mas vou continuar lutando. Meu filho não pode ter morrido em vão”.
Mesmo diante da dor e das dificuldades financeiras, Hélica recusou o auxílio oferecido pela empresa para custear o funeral. “Pago um plano funerário há anos, e não aceitei que eles bancassem nada. Uma vida não se paga com caixão. Quero que eles paguem pelo erro, não com dinheiro, mas com justiça”, afirma. A mãe também denuncia a falta de segurança no trecho onde ocorreu o acidente. “Ali não podia ter tráfego livre de carretas daquele porte. Tinha que ter um quebra-molas. Ele virou de uma vez e matou meu filho. A BR-040 precisa de mais responsabilidade. Quantos ainda vão morrer ali?”, questiona.
Em fevereiro, o jovem Gabriel perdeu a vida ao ser atingido por uma carreta nas proximidades do Posto Trevão; para a mãe, Hélica Aparecida Costa, a dor da perda se mistura à indignação
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Postado por Rafaela Melo, no dia 18/05/2025 - 13:45