Foto: Reprodução Redes Sociais
Faleceu na terça-feira, dia 22, o homem acusado de assassinar Regienne Raimunda Avelino, de 43 anos. J.P.V., 60 anos, mais conhecido como José Vieira, estava intubado em um hospital de Barbacena desde a noite de domingo, dia 13, após passar mal no presídio, onde foi diagnosticado com insuficiência respiratória.
Regienne, moradora do bairro Pires em Congonhas, foi morta na casa de seu companheiro, no bairro Morro da Mina em Lafaiete, no sábado, dia 12. O suspeito foi preso rapidamente portando um revólver calibre .38, mas alegou à Polícia Militar que cometeu o homicídio usando uma foice.
Os detalhes do crime são chocantes. Segundo a filha de Regienne, Chayenne Thamires Avelino Silva, de 22 anos, no dia anterior ao assassinato, o suspeito foi até a casa da vítima em Congonhas para pedir que ela se mudasse para Lafaiete. Em uma conversa com nossa reportagem, ainda muito abalada, a filha lamentou o feminicídio: “Estamos chocados. Não consigo acreditar até agora no que aconteceu. Eu e meu esposo fomos os primeiros a chegar ao local do crime. O último desejo da minha mãe era ver a minha filha, a quem ela tinha adoração. Minha mãe trabalhou a vida toda; ela era a melhor pessoa do mundo”, declarou.
Chayenne revelou que, antes do crime, Regienne lhe telefonou: “Fui a última pessoa com quem ela teve contato. Minha mãe disse que estava com muita saudade da netinha e que não suportava mais o companheiro. Sugeri buscá-la, mas ela me pediu que eu fosse mais tarde, porque ele não a deixaria sair naquele momento.” O casal se conhecia há apenas seis meses. “Ele era muito controlador, mas nunca chegou a ameaçar minha mãe fisicamente. Tinha uma obsessão por ela e dizia que a amava mais do que a Deus. Ameaçava dizendo que, se ela não ficasse com ele, perderia a vida. Era ciumento e ligava o tempo todo. Tudo isso porque ela queria ver a neta e ele não a deixava sair. Minha mãe trabalhava em Lafaiete, perto do local onde foi assassinada, e chegaram a se casar. Quero que a justiça seja feita para todas as mulheres. É muito triste isso. Sempre denunciem e não se calem nunca”, alertou.
De acordo com a Polícia Militar, foram encontrados no local do crime um cofre e duas espingardas. O suspeito, que chegou a fugir, foi localizado dentro de um motel. Ao ser surpreendido, ele desobedeceu às ordens dos policiais e tentou tirar a própria vida. O criminoso foi levado para uma unidade de saúde devido à pressão alta e diabetes. Segundo a Polícia Civil, um inquérito foi instaurado para apuração dos fatos.
Triste realidade em todo o país
O crime que abalou Lafaiete e região ocorreu poucos dias após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionar uma lei que aumenta as penas para crimes de feminicídio. A punição, que antes variava de 12 a 30 anos de prisão, agora pode chegar de 20 a 40 anos. A legislação também endureceu as punições para o descumprimento de medidas protetivas e para casos de violência doméstica. Além disso, a nova lei cria um artigo específico no Código Penal para o feminicídio, reforçando a gravidade desse crime bárbaro, que muitas vezes acontece dentro de casa, perpetrado por maridos e companheiros das vítimas.
Os dados sobre feminicídios são alarmantes. Mesmo com uma legislação específica e vários mecanismos de combate, como a Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica, os números continuam altos. Segundo o Governo de Minas, entre janeiro e setembro deste ano, foram registrados 108 feminicídios no estado. De acordo com o Monitor de Feminicídios no Brasil (MFB), no primeiro semestre de 2024, 85 mulheres foram mortas e 79 tentativas de homicídio foram registradas. Em todo o país, entre janeiro e junho, foram contabilizados 905 feminicídios e 1.102 tentativas. Isso representa uma média diária de quase 5 feminicídios consumados e outras 6 ocorrências que resultam em sequelas irreparáveis, tanto físicas quanto emocionais. O Lesfem observa que seus números, baseados em notícias e reportagens, são mais altos do que os do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), devido à subnotificação de feminicídios, especialmente entre garotas de programa e mulheres transexuais, cujas mortes muitas vezes não são oficialmente reconhecidas como feminicídios por conta de estigmas sociais.
Como procurar ajuda policial
Uma das iniciativas de combate à violência contra as mulheres é a Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD), disponível pelo telefone 180. Este serviço, realizado pela Polícia Militar de Minas Gerais desde 2010, é referência em segurança pública e adota uma metodologia inovadora que consiste em uma “segunda resposta” em ocorrências dessa natureza. Após o atendimento inicial, uma análise das ocorrências mais graves e reincidências é feita, e uma equipe preventiva oferece acompanhamento às vítimas.
Outro projeto importante é o “Chame a Frida”, da Polícia Civil de Minas Gerais, que está em funcionamento nas delegacias do 13º Departamento (Barbacena, Lafaiete e São João del Rei). A iniciativa utiliza um chatbot no WhatsApp para atender imediatamente as solicitações de vítimas de violência. A mulher inicia uma conversa e, automaticamente, é acolhida e esclarecida sobre suas principais dúvidas. Dependendo das circunstâncias, o caso é encaminhado para um policial.
O serviço está disponível em Lafaiete pelo telefone/WhatsApp (31) 98489-2819, das 8h30 às 12h e das 14h às 18h30. É fundamental que as vítimas não se calem diante de qualquer intimidação, ato ou palavra agressiva. Aqueles que testemunham essas situações também devem denunciar.
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Postado por Rafaela Melo, no dia 23/10/2024 - 09:26