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Política


Carreatas políticas e o impacto sobre pessoas com autismo: um debate necessário



foto: freepik


 

Durante as campanhas eleitorais, as carreatas são uma estratégia tradicional para demonstrar força política e atrair eleitores. No entanto, essa manifestação, caracterizada por longas filas de veículos, buzinas, fogos de artifício e músicas em alto volume, pode ter um efeito colateral significativo para grupos mais sensíveis ao excesso de estímulos, como as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Embora as carreatas representem um momento festivo para alguns, elas também levantam questões sobre acessibilidade e inclusão no cenário político.

Pessoas com autismo, em geral, têm uma sensibilidade sensorial ampliada. Isso significa que barulhos altos, luzes piscando e ambientes com muitas pessoas ou movimentação intensa podem ser extremamente desconfortáveis ou até incapacitantes para elas. Em eventos como carreatas, os sons de buzinas, fogos de artifício e música alta podem desencadear crises de ansiedade, desconforto físico e, em casos mais graves, colapsos sensoriais.

Esses fatores acabam limitando o direito de ir e vir de pessoas com autismo e de seus familiares durante o período de campanha, especialmente em áreas urbanas onde as carreatas acontecem com frequência. É comum que famílias com membros autistas precisem reorganizar suas rotinas e até evitar sair de casa durante essas manifestações, gerando um isolamento forçado.

A questão do impacto das carreatas sobre autistas abre um debate mais amplo sobre a inclusão e acessibilidade nas campanhas eleitorais. No Brasil, há um movimento crescente de conscientização sobre os direitos das pessoas com deficiência, incluindo autistas, e a importância de criar espaços e eventos acessíveis para todos.

Candidatos que buscam sensibilizar e incluir essas pautas em suas campanhas podem repensar a realização de carreatas em áreas residenciais ou optar por formas alternativas de manifestação, que sejam menos agressivas em termos de estímulos sensoriais. Algumas campanhas políticas já adotam iniciativas como o "Selo Azul", que indica ações inclusivas voltadas para autistas, como eventos adaptados com ambientes controlados, sem barulho excessivo e sem grandes aglomerações.

Com o avanço das campanhas digitais, há uma oportunidade crescente para que os candidatos ampliem o alcance de suas mensagens sem a necessidade de eventos presenciais que possam causar desconforto para pessoas com TEA. Redes sociais, transmissões ao vivo e outras ferramentas tecnológicas oferecem formas eficazes de alcançar os eleitores de maneira mais tranquila, acessível e menos invasiva.

Além disso, políticas públicas que garantam a inclusão de pessoas com autismo podem ser mais discutidas pelos próprios candidatos durante suas campanhas. Não se trata apenas de criar alternativas aos eventos como carreatas, mas também de trazer à tona discussões sobre a criação de ambientes urbanos mais inclusivos, a ampliação do diagnóstico precoce de autismo e o acesso a terapias e suporte para as famílias afetadas pelo transtorno.

Enquanto as carreatas continuam sendo uma estratégia popular, é importante que candidatos e organizadores de campanhas considerem os impactos que essas manifestações têm sobre todos os cidadãos, especialmente os mais vulneráveis. Incluir pessoas com autismo nas pautas eleitorais não é apenas uma questão de sensibilização, mas um compromisso com uma política mais inclusiva e acessível para todos.

Repensar as formas de mobilização política e adaptar as campanhas às necessidades de toda a população, incluindo os autistas, é um passo importante rumo a uma sociedade mais justa e empática, onde todos tenham o direito de participar e viver em harmonia, independentemente de suas diferenças.




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Postado por Nathália Coelho, no dia 30/09/2024 - 11:20


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