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Comunidade


Editorial: a dignidade e a distribuição de renda no Alto Paraopeba



Foto: arquivo jornal CORREIO


Dados do relatório da Oxford Committe for Famine Relief (Comitê de Oxford para Alívio da Fome) - Oxfam, que discute a relação das desigualdades e o poder corporativo global, mostram que 63% da riqueza do Brasil está nas mãos de 1% da população. O mesmo levantamento também aponta que os 50% mais pobres detêm apenas 2% do patrimônio do país. E afunilando ainda mais essa análise, 0,01% da população brasileira possui 27% dos ativos financeiros. O Brasil vem ocupando, por anos seguidos, o 1º lugar no ranking de concentração de renda.

E dentro de um quadro de tão extrema desigualdade, é estranho pensar que ainda haja espaço para se contestar as políticas de distribuição de renda. Mas, sim, há quem conteste. Como se uma criança pudesse escolher se nasce no seio de uma família abastada em um Alphaville ou do ventre de uma mãe solo, em situação de rua. A corrida por melhores condições de vida não começa em condições de igualdade e, por razões óbvias, também não termina com todos na mesma posição na linha de chegada.

Foi para amenizar essas desigualdades que, há 20 anos, foi criado o Bolsa Família: um dos maiores e mais respeitados programas de transferência de renda do mundo. Sua expansão impulsionou as economias locais no país, com aumento do consumo, dos empregos, do número de contas bancárias e da arrecadação de impostos. Em 2014, mais de 14 milhões de famílias brasileiras já eram atendidas, e o investimento ultrapassava a marca de R$ 2 bilhões. Naquele ano, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), anunciou a saída do Brasil do mapa da fome.

E os números também foram mostrando que o Bolsa Família fazia mais que matar a fome: trazia perspectivas. De acordo com a pesquisa “Mobilidade Social no Brasil: uma análise da primeira geração de beneficiários do Programa Bolsa Família”, mais de 64% das crianças e dos adolescentes que recebiam o Bolsa Família em 2005 deixaram o Cadastro Único até 2019, contrariando a opinião de que o programa ‘dá o peixe, mas não ensina a pescar’.

Hoje, a iniciativa não só traz dignidade para quase 20 mil famílias na região, mas também injeta quase R$13 milhões na economia dessas cidades – R$2.786,082,00 em Lafaiete. É claro que ainda há falhas; que nesse universo de beneficiados, possivelmente há quem minta ou fraude o sistema em benefício próprio, e que muito ainda precisa ser melhorado. Mas há um legado de dignidade em tudo isso – e de prosperidade, inclusive, para quem é contrário ao programa.




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Postado por Nathália Coelho, no dia 10/05/2024 - 11:20


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