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Polícia


PM afirma: tráfico de drogas é a principal causa de mortes violentas em Lafaiete e região



Frances Santana


 

O número de mortes violentas em Lafaiete e região e a sensação de insegurança sentida pela população têm sido tema de reportagens do Jornal CORREIO. Buscando respostas para nossos leitores, nossa reportagem conversou com o subcomandante do 31º Batalhão de Polícia Militar, Major Juliano Brandão de Almeida (foto), que explicou a atuação da PM e afirmou que o índice de criminalidade vem caindo ao longo dos anos. Para o militar, a maioria dos crimes está ligada ao tráfico de drogas e a disputa por território.

Jornal CORREIO: Lafaiete registrou, neste ano, 18 crimes violentos, segundo o nosso levantamento. A que a Polícia Militar atribui esses casos?

Major Juliano Brandão: A causa principal é o tráfico de drogas e a disputa pelo território. Identificamos duas facções, cujos integrantes foram autores de inúmeros homicídios ao longo dos anos. Graças ao trabalho de inteligência e o acompanhamento constante da Polícia Militar, muitos deles foram condenados com penas. É um trabalho que não pode parar. O tempo todo buscamos cooperação da população e dos outros órgãos que fazem parte do sistema de defesa social, como o Judiciário, Ministério Público, Prefeitura, e, principalmente, dos órgãos de imprensa, que são parceiros fundamentais para informar a população quanto a realidade. Trabalho esse que deve ser feito sem o sensacionalismo, que traz uma ideia de insegurança que, muitas vezes, não condiz com os dados reais.

JC: Como a polícia tem lidado com as mortes que ocorrem durante as abordagens policiais?

MJB: Fazendo uma pequena correção, são atendimentos de ocorrências onde o autor de crime, em vez de atender aos nossos apelos para que se renda, seja preso e conduzido para adoção das medidas legais, resolve partir para o embate. A Polícia Militar não age com o uso de força, sem que antes ela seja injustamente provocada ou agredida. A atividade da PM é uma reação de um fato violento e injusto contra a integridade física do policial que está atuando ou contra um terceiro que temos a obrigação de proteger.

Se um determinado autor investiu contra o policial, e ele reagiu com o uso da força de forma moderada, consciente, legal, se não havia outra alternativa, e essa pessoa vem a óbito, as providências de Polícia Judiciária Militar são adotadas de forma imediata. O militar recebe voz de prisão e é recolhido ao quartel. É feito um auto de prisão em flagrante ou um inquérito policial militar, dependendo das circunstâncias. Vamos submeter tudo isso a autoridade judiciária militar, através da Justiça Militar Estadual, e eles é que vão verificar  se o militar agiu dentro da norma, se vai poder responder a essa apuração,  se vai seguir em liberdade e  se vai poder continuar trabalhando.

Temos ainda apoio psicológico. Quando qualquer militar participa de alguma ocorrência com morte ou lesão corporal produzida por arma de fogo, ele também está suscetível a estar psicologicamente abalado, porque nós não somos preparados para tirar a vida de ninguém.  A nossa missão é garantir a segurança e a ordem pública.  Entretanto, enfrentamos situações extremas onde assim teremos que atuar e somos treinados o suficiente para agir quando necessário.

JC: Qual balanço das ações realizadas pela PM em Lafaiete e região em 2023?

MJB: O 31º Batalhão responde por 24 municípios, que somam uma população superior a 370 mil pessoas. Dessas, 131 mil estão em Lafaiete, que é nosso principal foco, pela concentração da população, atividade econômica e rotatividade de pessoas vindas de fora por questões de emprego. O balanço é bastante positivo. O Batalhão cumpriu rigorosamente os indicadores que o Estado propõe para a avaliação do trabalho, com exceção dos homicídios consumados. São praticamente sete anos consecutivos de redução criminal.

No combate a crimes violentos, atuamos com a apreensão de armas de fogo, prisões em flagrante, operações, verificações de denúncias na área de inteligência, disque denúncia unificado, além das operações preventivas e prisão de pessoas com mandados de prisão decretado. Claro que coisas extraordinárias acontecem e estamos preparados para enfrentar. No dia 20/12, por exemplo, fizemos uma operação onde prendemos seis indivíduos com mandado de prisão decretado, três em Lafaiete e três em municípios distintos.

A 13ª região, que tem sede em Barbacena e conglomera 61 cidades, tem uma das menores taxas de homicídio do estado. E o Batalhão de Lafaiete segue da mesma forma. O que quero dizer é que os fatos que ocorrem nos chocam justamente por não estamos acostumados a ver. Porém, enquanto o crime estiver buscando essa forma interna de combate, para ter domínio do tráfico de drogas ou coisas deste tipo, infelizmente, essas situações vão acontecer. E em via de regra, elas acontecem em locais e em situações que impossibilitam a prevenção no momento exato.

No entanto, a resposta tem sido dada, porque vários desses autores de homicídios foram presos em flagrante. Em muitos casos, após o trabalho dos outros órgãos, como a Polícia Civil, Ministério Público e Judiciário, foram condenados e encontram-se cumprindo penas vultuosas. Os homicídios realmente são um problema. Mas quero deixar claro que, dentro da estatística e dentro do que o próprio estado busca em termos de segurança pública, estamos bem. Lafaiete é um município populoso e, apesar dos problemas sociais que nós temos, conseguimos estar em um nível de quase 50% abaixo da média de homicídios em MG. E estamos muito abaixo da média de homicídios proposta para o país.

JC: O que a Polícia Militar tem feito para combater a criminalidade?

MJB: As estatísticas criminais têm um viés muito importante no cenário da inteligência e nos planejamentos de nossas atividades. E, quando falamos em números, é importante divulgarmos alguns para que as pessoas tenham ideia da magnitude do trabalho que está sendo realizado. Nós desencadeamos inúmeras operações, desde as simples, como presença no centro da cidade, como uma mais complexa para um cumprimento de mandado de busca e apreensão, passando pelas ações de trânsito, segurança escolar, combate ao tráfico de drogas, ou seja, é um universo de áreas que costumamos atu­ar.

Na área do 31º BPM, foram cerca de 27.900 operações diversas este ano. Especificamente em Lafaiete, foram 9.800. Todos os dias, cada viatura lançada para o serviço executa, além das atividades de patrulhamento corriqueiros, de atendimentos de ocorrências, as operações programadas para ocorrer em locais sensíveis suscetíveis a ter ocorrências. Tivemos algo em torno de 4.500 prisões (ou apreensões, em caso de menores) na área do Batalhão. Em Lafaiete, são quase 2 mil.

Um grande problema que a gente tem  é a reincidência. Temos pessoas aqui em Lafaiete que foram presas por furto de 10 a 15 vezes e, por uma questão legal, elas não ficam presas. O que gente vê é que existem outros fatores que deveriam ser atacados para diminuir a reincidência.

Quanto ao tráfico de drogas e essa disputa de interesses, via de regra, essas pessoas buscam se armar e vão fazendo essas disputas que acabam vitimando pessoas. Para combater esses casos, em 2023, foram apreendidas 98 armas de fogo em Lafaiete. Na área da unidade, 173 armas de fogo foram retiradas de circulação. Além disso, foram 863 ocorrências relacionadas ao tráfico de drogas, onde tivemos prisão, apreensão de autores e entorpecentes. Em Lafaiete, são 337 registros neste sentido. É um quantitativo expressivo, que mostra que estamos fazendo o nosso trabalho.

Outras ações também merecem destaque, como o trabalho do Proerd e a realização de Ação Cívico Social (Aciso), onde levamos alegria, assistência jurídica e proximidade com a comunidade.

 




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Postado por Frances Elen, no dia 30/12/2023 - 13:20


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