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Região


Projeto Arte nas Estações em Congonhas convida Itamar Vieira Junior

Conversa pública com o escritor baiano será realizada em meio à exposição Sofrência, em cartaz no Museu de Congonhas, com transmissão simultânea aberta pelo canal de Youtube do Arte nas Estações




 

O projeto Arte nas Estações – que exibe parte da coleção do Museu Internacional de Arte Naïf em mostras itinerantes por Ouro Preto, Congonhas e Conselheiro Lafaiete – vai receber o escritor baiano Itamar Vieira Junior para uma conversa pública em torno de seu novo livro “Salvar o fogo”. Com participação de Ulisses Carrilho, curador do projeto, o bate-papo será realizado no dia 23 de junho, às 19h, no espaço expositivo da mostra Sofrência, em cartaz no Museu de Congonhas até 25 do mesmo mês. A mediação ficará a cargo da educadora Ana Calline.

Idealizado pelo colecionador e gestor cultural carioca Fabio Szwarcwald, com curadoria de Ulisses Carrilho, o Arte nas Estações realiza, entre fevereiro e setembro desse ano, três exposições simultâneas: Sofrência, A ferro e fogo e Entre o céu e a terra. De acordo com Carrilho, as mostras abordam temas ligados às questões que o escritor baiano vem apresentando frequentemente em suas obras, como religião e território.

Com mais de 40 mil exemplares vendidos, "Salvar o fogo" (Ed. Todavia) é um dos lançamentos mais relevantes do mercado editorial brasileiro em 2023. Do premiado autor de “Torto arado”, é um romance a um só tempo épico e lírico sobre a força das mulheres e o poder dos laços familiares. A trama é atravessada pelos traumas do colonialismo que permanecem vivos, como uma ferida aberta. Sua força reside na forma habilidosa com que Itamar Vieira Junior mescla a trajetória íntima de seus personagens a traços da vida social, emocional e cultural brasileira.

Como parte do terceiro ciclo do Arte nas Estações, no mesmo espaço será inaugurada a mostra A ferro e fogo, no dia 6 de julho. O curador aponta que a mostra também aborda questões relativas às lutas do povo brasileiro, às culturas locais e ao território. Há também a relação entre uma certa economia colonial e uma desigualdade social. “Muito embora o livro do Itamar (Salvar o fogo) não se atenha a um momento histórico específico, nota-se um processo social que acontece em eterno retorno na realidade brasileira”, analisa o curador.

“Se olharmos pela perspectiva de Entre o céu e a terra, as fés - como falamos na exposição - estão colocadas no plural. Mais uma vez, esse tecido cultural brasileiro vem ser um ótimo estudo de caso para pensarmos uma realidade sincrética, em que vários sistemas de crença estão ali ao mesmo tempo sendo conjugados”, continua Ulisses. “Na exposição nós brincamos que os próprios museus vêm dessas ideias de templos e a mesma coisa poderia ser dita sobre livros ou escrituras sagradas: são meios de passar ideias adiante”.

Outra interseção entre as exposições e a literatura de Itamar Vieira Junior é o protagonismo das personagens femininas: “Na mostra Sofrência, assim como em Salvar o fogo, se destaca essa personagem feminina e preta que está numa situação de marginalização, fora dos grandes centros urbanos. Em ambos os projetos, me parece que há a compreensão de que as dores e as delícias do feminino não estão simplesmente na esfera do desejo e da vontade, mas também de processos sociais um pouco mais complexos”.

Outro aspecto que o curador promete abordar durante a conversa, com transmissão simultânea via Youtube do Arte nas Estações, é a aproximação entre o popular e a massa: “As exposições apresentam obras da chamada ‘arte popular’ e buscam as letras de músicas pop, dos hits sertanejos e das músicas de comunicação de massa. E o novo livro do Itamar também é ostensivamente popular, no sentido de que ele olha para o estatuto da cultura popular e para as narrativas que a legitimaram. Seguindo um certo cânone, ele tem diálogos com a literatura brasileira muito importantes”, reflete Carrilho. “São dois exemplos que furam uma bolha de monopólio de saberes para serem casos que contribuem dentro da sua originalidade”.

Entre as principais ações do Arte nas Estações está um amplo programa educativo que investe na perspectiva social da arte e na construção de saberes em parceria direta com as comunidades locais. O projeto tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e realização da RKF Consultoria.

Sobre Itamar Vieira Junior

Itamar Vieira Junior nasceu em Salvador (BA), em 1979. É geógrafo e doutor em estudos étnicos e africanos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Autor de Torto Arado, teve seu romance publicado em 2019 pela Todavia, no Brasil, e pela LeYa, em Portugal. A obra foi ganhadora do Prêmio LeYa, recebeu os prêmios Oceanos e Jabuti e já teve os direitos de publicação negociados para mais de 20 países. Publicou os livros de contos Dias, A oração do carrasco (finalista do Prêmio Jabuti) e Doramar ou a odisseia, além de outros textos ficcionais em diversas publicações nacionais e estrangeiras.

SERVIÇO:

ARTE NAS ESTAÇÕES CONVIDA ITAMAR VIEIRA JUNIOR

23 de junho de 2023, às 19h

Realização: Arte nas Estações
Co Realização: Museu de Congonhas
Apoio: FUNCULT e Museu de Congonhas

Local: Museu de Congonhas

End: Alameda Cidade Matozinhos de Portugal, 77

Congonhas - Minas Gerais

Horário de funcionamento: terça a domingo, de 9h às 17h
Obs: O museu tem cobrança de ingressos a R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), com gratuidade para todos os públicos às quartas.

Transmissão simultânea: https://www.youtube.com/channel/UCqD67Q6cnIz4CK31V2-9CFA

Evento aberto (sujeito à lotação) com distribuição de senhas no local, a partir do dia 22 de junho, durante o horário de funcionamento do Museu de Congonhas.

Capacidade: 200 pessoas.

Entrada franca | classificação livre

www.artenasestacoes.com.br | @artenasestacoes

foto: Renato Parada




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Postado por Nathália Coelho, no dia 21/06/2023 - 11:20


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