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Comunidade


Lafaietenses espalham detritos pelas ruas e transformam a cidade em lixão




 

“A responsabilidade é sempre do outro. O modelo brasileiro ideal é que alguém, o outro, faça”. As palavras do antropólogo Roberto DaMatta se encaixam perfeitamente no que vemos em Lafaiete: uma cidade que conta com um serviço de limpeza urbana e com milhares de cidadãos que se dizem indignados com o lixo que veem pelas ruas, mas que, ainda sim, está longe de ser um modelo em limpeza. Basta um giro por algumas ruas da cidade para perceber a diferença com a qual lidamos com espaço privado e público: “A rua, sendo de todos, é tratada como se fosse de ninguém”.

Situações exatamente assim, como uma ‘terra de ninguém’, que a nossa equipe flagrou na última semana. A pedido de leitores da coluna “Qual é a sua denúncia?”, fomos, por exemplo, ao bairro São João (zona sul), onde identificamos, sem qualquer dificuldade, três pontos críticos. Na rua Norival Baeta Siqueira, o alvo da indignação era um passeio, próximo à creche, que não estaria recebendo manutenção há um bom tempo. Sem capina, segundo o relato do denunciante, o mato já chegava a 1m de altura, o que impedia as pessoas de colocarem o lixo na lixeira comunitária. Cobras e roedores estariam infestando o local. O problema, de fato, existia. Quando chegamos, o local havia sido capinado há pouco, mas ainda havia lixo de sobra embaixo da lixeira, como sacolas, muitas garrafas pet e até chinelos.

Na rua Adolfo Siqueira, próximo ao cruzamento com a Leibenitz dos Anjos, um lote foi decretado como ‘depósito de lixo’ pela vizinhança. Fotografamos sacolas, muitas caixas e papelão, garrafas pet e de vidro. Na Antônio Reis, o passeio estava cheio de lixo, além dos já comuns sacos plásticos e papéis, havia também pedaços de peças de carros. São casos em que vale lembrar o código de posturas: cada proprietário é responsável pelo seu passeio, e cabe a ele mantê-lo limpo, sob pena de pagar multas. O mesmo vale para os lotes, que precisam estar não apenas com a limpeza e manutenção em dia, mas murados e com passeio. Mesmo assim, o retrato do descaso fica exposto em praça pública, quando o mais simples seria esperar o dia da coleta e simplesmente colocar o seu lixo no lixo.

Mas há atitudes que vão além do descaso ou descuido no meio de um dia corrido. Mesmo com a coleta de lixo na porta, há quem se dê o trabalho de armazenar o próprio lixo e jogá-lo no quintal do vizinho, ou, em situações como a que flagramos após denúncia, às margens de estradas menos movimentadas. Na rua Santa Efigênia, no trecho não pavimentado, que dá acesso a Gagé, há um ponto que já foi assunto de várias reclamações e, agora, voltou a ser transformado em uma espécie de lixão. Em fevereiro, em atenção a uma denúncia nossa, a Secretaria de Obras chegou a informar que o lixo já havia sido recolhido.

“Neste, e em outros locais, como Água Preta, Gagé, saída do bairro Santa Efigênia, o problema são os descartes de resíduos inadequados feitos por algumas pessoas”. Mas não demorou muito para que os mesmos infratores voltassem a agir. Como registramos, novamente, o local já está todo sujo. Lá é comum ver também muitos entulhos de obras. No início da MG-482, no bairro Manoel Correia, a história se repete e um lote vem sendo usado como depósito de lixo. No local é possível ver galhos de árvores, materiais de construção e muitos sacos plásticos.

E se há quem esconda o seu ato delituoso, há quem não se incomode com testemunhas e transforme, em plena luz do dia, a região central da cidade em um espaço fétido e repugnante. Como denunciamos no CORREIO Online, restos de açougues e caixas de papelão para embalar frango resfriado estão sendo descartados indevidamente (sem ensacar) na região central de Lafaiete. Com isso, cachorros e urubus reviram o entulho e transformam esses locais em verdadeiros lixões a céu aberto. Esse tipo de situação é mais comum nas ruas dr. Campolina, Marechal Floriano Peixoto e praça da Bandeira.

A cena é tão degradante que o lixo fica espalhado pelas vias públicas e os motoristas são obrigados a passar por cima, conforme fotos tiradas neste domingo, dia 19 de março, na rua dr. Campolina. Falamos de um cenário péssimo aos olhos de quem circula pela região, mas também para pessoas de fora do município, que vão embora de Lafaiete com a pior das impressões. Populares ouvidos pelo Jornal CORREIO e CORREIO Online disseram que esse tipo de problema é recorrente e não adianta reclamar do município, já que, na maioria das vezes, esses detritos são descartados de qualquer jeito, após a passagem do caminhão de lixo. A solução, segundo essas pessoas, é uma fiscalização mais rigorosa por parte da prefeitura, no sentido de educar quem faz esse tipo de coisa, que prejudica toda a cidade.

Faça a sua parte e denuncie
Se você está entre aqueles que não concordam com a transformação de espaços públicos em lixões, saiba que há muito o que se fazer. O primeiro passo é, justamente, cumprir o que mandam a lei e o bom senso: cada bairro possui o seu cronograma de coleta. Então, informe-se sobre ele e só coloque o lixo nos dias e horários recomendados. Fez a sua parte? Vá além e denuncie. De acordo com o Departamento Municipal de Meio Ambiente, a cidade segue a política estadual e federal de Resíduos Sólidos Urbanos, além das diretrizes do Plano Municipal Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos. Então, no caso de descarte irregular, o órgão solicita a comprovação de autoria ou alguma placa de veículo, por exemplo. De posse dessas informações, que podem ser vídeos ou fotos, por exemplo, o órgão procede à notificação para retirada de todo material.

Departamento de Meio Ambiente
Foto ou vídeo, envie para o email: meioambiente­@conselheirolafaiete.mg.gov.br.
Para denunciar endereço de lote vago ou área, ligue 99239-5538, que será gerado um protocolo e encaminhado à fiscalização.

No São João, descarte irregular foi encontrado em pelo menos três pontos nas ruas Adolfo Siqueira, Norival Baeta e Antônio Reis

Lixo também é comum às margens de estradas como na MG-842

Na estrada para o Gagé, descarte irregular de lixo é recorrente

 




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Postado por Nathália Coelho, no dia 09/04/2023 - 11:20


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