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Em pouco mais de 3 anos, 340 pessoas desapareceram em Lafaiete e região




 

Desde 4 de dezembro de 2021, a família de Cândido dos Santos Chagas sente no peito uma angústia que parece não ter mais fim. Dependente de álcool, o autônomo estava internado na clínica Cervi, em Congonhas, mas fugiu do local e não foi mais visto. Além de aguardar ansiosa por um retorno, a família também busca respostas: “O nosso sentimento é de imensa tristeza, dor e apreensão, por não saber nenhuma notícia. E em meio a tudo isso, há também um sentimento de revolta, pois a polícia foi apenas uma vez à clínica e demorou quase dois meses para confeccionar o cartaz de desaparecido. A pessoa que era responsável pelo meu pai, na clínica, hoje já não se encontra mais lá. Não sabemos ao certo a verdade; o que realmente aconteceu”, desabafa a filha de Cândido, Viviane Neves das Chagas Silva.

Ansiosa por notícias e com a esperança de reencontrá-lo bem, a família não ficou parada. Segundo Viviane, foram realizadas buscas em toda a região: “Fizemos o boletim de ocorrência e a Polícia Civil fez o cartaz de Desaparecido. Percorremos Conselheiro Lafaiete, Congonhas e Conceição do Mato Dentro”, detalha. Morador do bairro Cachoeira, Cândido tem 1.82m de altura, é pardo e tem cabelos e os olhos castanhos. No dia do seu desaparecimento, usava uma calça branca e blusa azul. Quem tiver informações sobre o seu paradeiro deve entrar em contato pelo (31) 98690-7896.

Dor compartilhada
O drama é mais comum do que se imagina. De acordo com dados do 31º Batalhão de Polícia Militar (31° BPM), entre 2019 e 2022, a PM foi acionada em, pelo menos, 340 oportunidades para ajudar a solucionar esse tipo de ocorrência.

“Em muitas ocasiões, não são registrados boletins de ocorrência do desaparecimento, ou seja, nem todos são contabilizados para fins estatísticos”, explica o 31º BPM. E se há imprecisão nos desaparecimentos, em virtude dessa falta de registros, os dados são ainda mais nebulosos quando se trata localização: “Na grande maioria das vezes, as pessoas também não registram a localização da pessoa desaparecida - talvez até por não saberem da necessidade de ser feito este registro. Por esses e outros motivos, é inviável saber quem ainda se encontra desaparecido”, acrescenta o 31º BPM.

Existe um perfil das vítimas?
Para essa pergunta, a resposta do 31º BPM é não: “As vítimas de desaparecimento são de todas as idades, dos dois gêneros. Pessoas com problemas psiquiátricos, idosos com Alzheimer, problemas com depressão e pessoas que não têm problema nenhum e acabam por fugir da vida que têm. Não é possível especificar um único tipo de perfil”. E assim como não há perfil, não existe um motivo específico a se considerar para esses desaparecimentos: “São muitas situações que levam ao desaparecimento, coisas que dependem ou não do consentimento da vítima”, acrescenta.

E ao contrário do que se pensa, não existe um tempo determinado a se esperar antes de procurar a polícia, fazer o registro e iniciar as buscas: “ O registro do desaparecimento pode ser feito no momento em que os familiares acreditem já ter decorrido um tempo limite para se considere o desaparecimento. O tempo é relativo; depende de cada pessoa. Algumas vítimas que têm o hábito de sair de casa, passar vários dias fora e depois retornam sem que haja necessidade do registro. Já existem outras que nunca atrasam e já é motivo de preocupação não vê-las de volta assim que se sente falta”.

Nesse o momento, a polícia inicia uma investigação, com base nas informações fornecidas por familiares e amigos. Nesse meio tempo, toda ajuda é bem-vinda: “A família é fundamental nas buscas, pois é quem sabe a rotina da vítima e os possíveis locais onde ela poderia estar escondida ou desorientada. A família poderá saber até o motivo do desaparecimento, facilitando a localização do indivíduo”, explica.

Para evitar todo esse pesadelo, a Polícia Militar orienta que a família esteja sempre atenta, principalmente a crianças, que por si só já não conseguem se orientar para sair e voltar para casa sozinhos. Idosos que possam ter algum tipo de doença que afete a memória e pessoas com doenças psiquiátricas, ou que tomam algum remédio controlado, também devem estar sob constante atenção. “Não existe uma regra: os casos terminam de várias formas diferentes. Alguns são localizados pelos familiares, outros pela polícia e outros não chegam a serem localizados”, finaliza.




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Postado por Mariana Carvalho, no dia 24/04/2022 - 19:19


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