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Cláudio CB: o artesão das imagens que beijam ou desconcertam o olhar humano




 

Desde tempos remotos, os homens se reconhecem pe­lo olhar, se leem pelo olhar, se comunicam assim. Esse ato tão humano talvez seja um dos mais exercitados por todos: o brilho dos olhos é fogueira que aquece corações.

Cláudio CB tem essa característica: visualizar o outro já trazendo no olhar um carinho raro, uma expressão de quem diz com os faróis de suas retinas que tudo tem um motivo de ser e por isso há de se observar o mundo como quem nasce de repente, na névoa de uma manhã que será de sol brando chovendo na festa da imensidão das montanhas e do mar. Êxtase. Chuva solar é para os escolhidos...

CB, com o mesmo modo pacífico de se posicionar no mundo, desenvolve sua arte de ligar pontos, retas, conectar cores para a gestação de desenhos e caricaturas que comunicam riso ou dor no espectador, nos fãs que já o aguardam de peito aberto para degustarem sua arte como quem tem à disposição do paladar o manjar dos deuses. Não por acaso diz pensar mais em que visualizará o desenho que no caricaturado quando imerso em estado de criação.

Dotado de uma técnica própria e intensa, essa artista que recebeu o “CB” que assina após seu nome do professor Gilson que lecionava no Colégio Estadual Narciso de Queiroz se fez como caricaturista/desenhista dentro de casa, admirando a fonte artística que lhe influenciou: a mãe, professora de arte que manipulava bem desenho, artesanato, escultura... Então inexiste mistério sobre sua perfeição: é arte que veio de mãe para filho, presente de anjo protetor de fala amena e riso comedido no ato de ensinar. “Veio tudo dela”, explica com a voz mansa dos que agradecem por inteiro um dom lapidado.

No seu processo criativo semanal no Jornal CORREIO da Cidade, CB estampa uma genialidade marcante e quase cênica: encanta com ilustrações com cheiro de flor recém-nascida, e por isso pura, datas oxigenadas, acontecimentos cor de rosa; ou inquieta, com explosão surda, fatos similares ao epicentro de um tremor de terra: tira nossas bases. Por isso há mais de três décadas esse cara com eterno rosto de menino bom, que tem a alma lavada, ainda se lembra e faz lembrar uma tragédia ocorrida na Praça do Cristo, em Lafaiete, onde um avião caiu e ceifou vidas. Um marco na história do desenho da imprensa lafaietense.

Mas, seja comunicando o que põe leveza em nosso interior ou reflexões trêmulas em nossa mente, Cláudio CB continua sendo um desenhista que, por mais que queira permanecer nos bastidores, passar despercebido dos holofotes, não escapa do destino dos artistas de verdade: atrai para si olhares que o aplaudem. Como Chico Buarque soube cantar com maestria as belezas e as fealdades da sociedade, CB manda bem sua mensagem imagética que abraça com maior ou menor força seus admiradores. E que assim seja, prós(siga), amigo nosso, continue a irrigar estrelas nas superfícies que abrigam imagens: luminosas ou opacas, mas necessárias aos olhos humanos. Aurora borel, em todos os sentidos... e cores.

Paulo Antunes
Professor, escritor, revisor textual Mestre em Letras (Linguagem, Cultura e Discurso)
profprantunes@gmail.com

 

 




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Postado por Nathália Coelho, no dia 23/01/2022 - 15:30


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