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Comunidade


Economista de CL prevê melhora na economia da cidade e região a partir de agosto

Para Lafaiete, que é mais dependente do comércio, vacinação é essencial; demora do governo em ofertar uma segunda rodada de estímulos também influenciou




O lafaietense Samuel de Oliveira Durso é economista (UFMG), mestre em Ciências Contábeis (UFMG) e doutor em Controladoria e Contabilidade (USP)

Lafaiete e região podem apresentar uma boa recuperação econômica ainda em 2021. A afirmação é do doutor Samuel de Oliveira Durso, pesquisador da Faculdade Fipecafi e professor substituto da UFMG. De origem lafaietense, o economista conhece o cenário regional e avalia que o setor industrial tem mostrado alguns sinais positivos. “Mesmo no contexto pandêmico, o ramo de mineração e metalurgia, muito dependente do preço de commodities no mercado internacional, tem alcançado resultados positivos. A Vale S.A., por exemplo, apresentou lucro líquido recorde de R$ 30,5 bilhões no primeiro trimestre de 2021. Assim, regiões mais dependentes desse setor, como é o caso de Ouro Branco e Congonhas, devem sofrer menos com o cenário atual.

Para Lafaiete, que depende indiretamente do resultado dessas empresas, a recuperação também não será difícil. Mas pela forte presença do comércio na economia, o grande problema da cidade torna-se a taxa de contaminação. “Além da vacina, a única medida eficiente para o combate da pandemia é o distanciamento social, o que impacta diretamente no funcionamento dos comércios da região. Se a vacinação for realizada de forma rápida, a cidade terá uma recuperação significativa ainda em 2021. Em um cenário oposto, se a campanha de vacinação for lenta ou ineficiente, Lafaiete ainda sofrerá com as medidas de restrição da circulação de pessoas”, alerta.

Panorama nacional

Conforme situa, atualmente, há duas medidas governamentais relacionadas à manutenção dos postos de trabalho. O auxílio emergencial, que é uma transferência de renda à população ne­cessi­tada, ajuda indiretamente na geração de em­prego na medida em que injeta mais dinheiro na economia. “Se as pessoas estão recebendo renda, continuarão a consumir os produtos básicos do mer­cado, ajudando a manter, ou até mes­mo ex­pandir, o nível de ocupação. Se perdem em­prego e não têm auxílio do governo, o consumo das famílias cai, fazendo com que empresas fechem as portas por falta de clientes”, exemplifica.
Uma segunda ação, mais diretamente relacionada com os postos de trabalho, é a ajuda dada às empresas, como redução da jornada de trabalho e acesso a financiamento. Para ter direito aos benefícios, em contrapartida, as empresas se comprometem a não demitir os empregados durante um determinado período. “No segundo semestre de 2020, esse mesmo pacote gerou resultados significativos para a manutenção do emprego. Sem essas ações, muito provavelmente estaríamos em uma situação ainda mais preocupante”, avalia.

O grande problema, no entanto, teria sido a demora em ofertar uma nova rodada de estímulos para o enfrentamento da segunda onda de contaminação da Covid-19. “Em momentos de crise, o governo precisa garantir uma demanda mínima para que o mercado funcione adequadamente. Assim, estratégias como a transferência de renda e medidas de garantia do emprego são fundamentais. Infelizmente, só no final de abril é que novas políticas para as empresas passaram a ser foco do Estado. O auxílio emergencial atual está muito longe de preencher as necessidades básicas dos indivíduos que estão fora do mercado de trabalho. Sem estímulos fortes, os problemas que temos observado poderão ser ainda mais significativos”, alerta o economista.

Neste contexto, as medidas anunciadas trarão algum alívio para o mercado. No entanto, muitas empresas não conseguiram esperar os auxílios governamentais e tiveram que fechar as portas. “O novo pacote de auxílio serve como uma estratégia emergencial e é muito necessário, mas apenas com a aceleração da campanha de vacinação que a economia voltará a crescer, gerando novos postos de trabalho. As incertezas econômicas e políticas do momento fazem com que as empresas segurem investimentos que gerariam mais emprego e renda para a sociedade. A partir do segundo semestre de 2021, com o atual ritmo de vacinação, é possível que o mercado apresente um crescimento mais significativo, com uma redução mais forte da taxa de desocupação. Os níveis de emprego do período pré-pandemia, contudo, só deverão ser atingidos no segundo semestre de 2022 e início de 2023”, analisa o doutor Samuel Durso.

Sobre o dr. Samuel Durso

Samuel de Oliveira Durso é economista (UFMG), mestre em Ciências Contábeis (UFMG) e doutor em Controladoria e Contabilidade (USP). Atualmente cursa seu 2º doutorado, desta vez, em Educação (UFMG), é professor e pesquisador da Faculdade Fipecafi e professor substituto da UFMG. Hoje profissional altamente conceituado, Samuel Durso morou em Lafaiete até os 18 anos, quando se mudou para Belo Horizonte para cursar Ciências Econômicas na UFMG. Seu interesse pela área surgiu em razão da sua experiência familiar. Seus pais dirigem o conceituado restaurante e pizzaria Nova Ge­ra­ção. “Meus pais são comerciantes em Lafaiete e cresci no restaurante da família (minhas primeiras experiências profissionais foram lá, na verdade!)”, revela.

Sua trajetória profissional teve início no ramo de auditoria externa, como trainee na multinacional PwC, onde teve contato com o mundo da contabilidade. Em 2013, após 2 anos na empresa, pediu desligamento para realizar seu mestrado na UFMG. Ainda nos primeiros meses do mestrado, prestou concurso público para a auditoria interna na Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e foi aprovado em 1º lugar. Na Codemig, trabalhou entre 2013 e 2015, sendo que, no último ano de atuação, foi o auditor interno chefe da empresa.

“A minha experiência com o mestrado na UFMG foi muito positiva e, em 2015, o mosquito da vida acadêmica já havia me encontrado. Assim, pedi desligamento da Codemig para realizar o meu tão sonhado doutorado na USP. Ao chegar em SP, eu me deparei com um universo de possibilidades de atuação profissional. Desde 2016, atuo na Faculdade Fipecafi, uma instituição com grande prestígio na área contábil e vinculada ao Departamento de Ciências Contábeis da USP. Realizei, ainda, consultorias para Unesco, Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais sobre sistemas de contratação no setor público”, detalha.




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Postado por Mauricio João Vieira Filho, no dia 06/06/2021 - 10:32


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