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Assassinato de idoso que chocou Caranaíba está há quase três anos sem resposta




 

Maria da Glória Dutra de Sou­za, de 68 anos, vivia tranquilamente ao lado do marido, José Ferreira de Souza, na comunidade de Bom Sucesso, em Caranaíba. Acordavam cedo, iam tratar das criações, almoçavam e voltavam a cuidar da roça. Mas em 5 de agosto de 2017, a vida de dona Maria da Glória mudou completamente. Era madrugada quando homens chamaram em sua casa e Zé Rosa, como era conhecido, foi atender. Con­se­guiram que ele abrisse a porta, com a desculpa de que estavam sem gasolina. E isso foi o suficiente para que entrassem, matassem Zé Rosa e deixassem sua esposa baleada. O caso, tratado na época como latrocínio (roubo seguido de morte), permanece, pelo menos até o fechamento desta edição [quinta-feira, dia 2 de julho] sem solução.


Com medo, e sem seu companheiro, dona Maria da Glória foi morar em Belo Horizonte, na casa de uma sobrinha e nunca mais voltou a Caranaíba. O mais próximo que chegou da cidade onde nasceu e foi criada foi em Carandaí, onde prestou depoimento e disse para a polícia quem eram dois dos homens que entraram em sua casa.


Pela primeira vez, desde o crime, Maria da Glória resolveu falar com a imprensa e procurou o Jornal CORREIO. A memória daquele dia ainda está viva: “Eu estava meio dormindo, meio acordada, quando chegou uma pessoa pedindo gasolina. Então, o Zé levantou, vestiu a roupa e abriu a porta para ela. Aí os homens invadiram a casa, machucaram minha cabeça e eu não vi mais nada. Para mim, eles vieram com o cálculo feito, porque esconderam o carro deles lá na roça. Tinha mais gente com eles, mas eu conheço dois deles. Eu já falei lá em Carandaí, mas não adiantou nada”.


Dona Maria da Glória também conta que não pôde nem ir ao velório de seu marido: “Quando eu voltei a mim, fiquei quieta, com medo de me ouvirem pedir ajudar. Quando estava quase amanhecendo, liguei para um vizinho. Disse a ele: “Mataram o Zé”. Os vizinhos chegaram e me acudiram. Em mim, a bala ficou alojada no fígado e não pode ser tirada. Enquanto estavam velando ele, eu estava em Lafaiete, passando por uma cirurgia. Depois fiquei 15 dias internada”.


A idosa acredita que os homens entraram em sua casa para roubar: “Acho que eles queriam roubar o dinheiro que estava guardado, mas não acharam. O povo tem uma esganação por conta de dinheiro; é uma coisa feia. Deve ter roubado algumas coisas. Não fiz conta de nada disso, porque saí muito ruim de casa e não fiquei sabendo de nada. Depois que saí do hospital, vim para Belo Horizonte e não voltei mais lá”, conta.


Após a ida para BH, dona Maria da Glória ainda teve complicações voltou para o hospital. Hoje, ela afirma que sente falta de sua casa: “Fico aborrecida de não estar na minha casa lá na roça. Tive que vender meu gado, meus porcos e dar meus cachorros e gatos; eles estavam morrendo. Aqueles animais eram meu xodó. Fui nascida e criada lá, mas tenho medo de descontarem em mim. Eu fui lá em Carandaí, depus, falei o nome dos dois e nada foi resolvido. Quero justiça, porque meu marido não merecia isso não. Ele foi abrir a porta para ajudar”.

Sobrinha cobra da justiça

Atualmente, é Sirley Teixeira, 44 anos, quem cuida da tia Maria da Glória: “Quando estava no hospital, em Betim, a polícia veio até aqui pegar o depoimento dela. Pediram que ela fosse até lá em Carandaí depor e ela foi também. Na época, falaram que iam resolver a situação. Chegaram a dizer que em uma semana prenderiam os caras que fizeram isso, mas até hoje, nada”, lamenta. A sobrinha pede justiça: “Ela mora comigo. Eu cuido dela e a acompanhei no hospital dia e noite. Pedimos Justiça, pois estão todos soltos. Menos a dona Maria, que não pode voltar para casa, e o Zé, debaixo da terra. Têm dias que ela fica amuada, chorando. Pedimos a Deus que ilumine os policiais para que peguem esses vagabundos que fizeram isso”.

Sem resposta

Desde quando ocorreu o crime, o Jornal CORREIO vem acompanhando o caso e cobrando respostas das autoridades. Em agosto de 2019, quando o caso estava completando 2 anos, nossa Reportagem entrevistou o delegado responsável pela investigação e ele deu um prazo de 30 dias para que o inquérito fosse concluído. Desde então, não tivemos mais respostas.
Leia a matéria feita em 2019 acessando o CORREIO Online pelo QR Code.

 

Maria da Glória espera justiça pelo assassinato do marido

 


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Postado por Redação, no dia 12/07/2020 - 10:15


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