A quarentena, que está em vigor há quase dois meses, tem se mostrado como um período de reflexão e solidariedade, em meio às incertezas do que o futuro reserva. O padre Paulo Edson Moreira, pároco da igreja Nossa Senhora de Lourdes, no bairro de Lourdes (região noroeste), observa este momento como uma chance divina de nos tornarmos pessoas melhores e conscientes da importância da vida em comunidade.
“Do ponto de vista da fé, nós estamos praticamente experimentando o silêncio de Deus e é uma oportunidade que Ele nos dá de ouvir os ruídos dos seus próprios passos. Na minha visão, esta pandemia não acontece em vão. Deus sinaliza para nós algo melhor que tem que acontecer, não é verdade? ”, afirma. Segundo o padre, a pandemia, de certa forma, está aproximando os fiéis de sua fé. “A igreja funciona como uma rede de comunidades. É muito interessante agora, que nossas comunidades se desdobraram em verdadeiras igrejas domésticas”, relata.
Curiosamente, o objeto que se tornou o centro das atenções neste momento é o telefone celular. Através dele, as pessoas acompanham as celebrações e se comunicam com o resto do mundo. “Há pouco tempo eu fazia uma reflexão sobre a questão do celular. Às vezes pensamos que ele atravanca a vida de muitas famílias, se mal-usado. No domingo da ressurreição fiquei refletindo com o pessoal, que no primeiro momento a cruz se tornou um instrumento de morte. A partir do momento que Jesus ressuscita, ela se torna instrumento de vida, porque a ressurreição passa pela vida. Nós temos que morrer para tanta coisa, para experimentar a alegria da vitória. São as cruzes colocadas no nosso caminho para nós carregarmos, dando a nossa contribuição e contando com a ajuda de Deus. Então eu associei a cruz, naquele dia da Páscoa, à questão do celular. Se eu não sei usar bem hoje o celular, ele se torna instrumento de morte. E no momento, ele está se tornando um instrumento de vida. Ele se torna o ambão da palavra de Deus e o altar da eucaristia”, ressalta.
Mesmo com tantas incertezas, padre Paulo se sente esperançoso em relação à vida após a pandemia. “Volto a falar, vejo como uma oportunidade que Deus está nos dando de nos tornarmos melhores. O maior desafio é ficarmos na família, porque quando estamos coladinhos, temos que aprender a lidar com as dificuldades que fugimos no dia a dia. Se não sairmos melhor depois desta pandemia, então nós não temos jeito mesmo. Esse vírus igualou todo mundo: não existe rico, nem pobre. Precisamos do outro para poder viver bem. Especialmente a igreja, acredito que vamos sair fortalecidos. Percebemos que as pessoas estão com saudade e no fundo, isso é saudade de Deus e de poder caminhar junto, em comunidade. Somente caminhando com os outros, estendendo a nossa mão é que a gente realmente cresce na nossa fé”, garante o padre Paulo.
Serviço
Paróquia Nossa
Senhora de Lourdes
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Postado por Redação, no dia 28/05/2020 - 10:28