Confessa para gente: você teria coragem de embarcar sozinho para os Estados Unidos sem falar uma frase em inglês? O que te levaria a percorrer toda essa distância e desembarcar em uma das maiores e mais agitadas cidades do mundo: Nova York? Se você é jovem, sem muitos compromissos, talvez até fantasie uma aventura dessas, mas as coisas não parecem tão simples quando você tem 60 anos e nunca fez uma viagem internacional. Mas para uma mãe que estava há 1 ano sem ver o filho, a oportunidade de abraçá-lo e sentir, no fundo do coração, que está tudo bem supera qualquer medo ou insegurança.
Foi com essa vontade de rever o filho mais novo, que há 6 anos mora em Nova York, que a dona de casa Solange Fernandes dos Santos, 60 anos, moradora do Carijós, fez as malas e partiu sem olhar para trás. “Durante o voo, falei português, porque escolhi uma companhia brasileira para chegar aos Estados Unidos. Mas é claro que tive um certo friozinho na barriga ao imaginar como seria a minha comunicação com o agente da imigração. Entretanto, a vontade de estar com o meu filho me fez superar esse receio natural. No fundo, eu sabia que daria certo”, conta.
E se faltavam palavras em inglês, foi se comunicando com sua língua nativa que ela conseguiu encontrar a ajuda que precisava para chegar lá: “Conheci, no avião, um brasileiro que morava nos Estados Unidos e ele foi extremamente gentil ao me orientar sobre o que eu deveria fazer quando chegássemos em solo americano. Deu tudo certo”. A partir dali, cada minuto foi como um sonho realizado: “Foi incrível, principalmente porque eu estava na companhia do meu filho, o Hélcio. Passeamos bastante e conheci as principais atrações turísticas”, detalha.
Essa experiência mudou o jeito com que Solange enxerga o mundo: “Posso dizer que essa experiência foi um alento contra a estupidez da intolerância que, infelizmente, tem crescido aqui no Brasil. Por ter ficado lá quase um mês (em janeiro, antes da pandemia), pude experimentar o acelerado modo de vida deles e perceber que, em uma megalópole, habitada por povos de diferentes nacionalidades e culturas, é possível uma convivência pacífica. Isso ampliou a minha percepção do mundo e me deu esperança de que é possível conviver e respeitar o próximo apesar de todas as diferenças”, garante.
Amor de mãe
Mãe aos 18 anos, Solange aprendeu cedo as lições essenciais para quem passa a ser responsável por outra vida. “Eu tinha apenas 18 anos quando tive o meu primeiro filho, o Reinaldo, hoje com 41 anos. Posso dizer que ‘amadureci na marra’. A principal mudança é a criança se tornar seu foco primordial de atenção. Esse exercício de amor incondicional, dedicação e altruísmo te transforma para sempre”, conta. Hoje, quando olha para frente, Solange sente orgulho do que vê: “Eu sempre estive – e estarei – ao lado deles. Me orgulho de, ao lado do meu marido, ter criado e educado dois seres humanos honestos, responsáveis e bons. A dedicação e o afeto produzem frutos incríveis”, afirma.
Hoje a mãe vê a distância como mais uma barreira que pode e deve ser vencida para que todo esse amor caiba em um abraço. Então, novas viagens já fazem parte dos seus planos. “Ser mãe é uma das realizações mais importantes da vida das mulheres que decidiram ter filhos. Tal condição, que exige tanta dedicação e renúncia, jamais pode ser fruto de uma imposição cultural ou religiosa. Então, desejo a todas as mães força para criarem seus filhos e prepará-los para os desafios do mundo. Àquelas que, como eu, já os têm adultos, espero que estejam presentes para fornecer suporte afetivo, sem desrespeitar suas individualidades e escolhas de vida”, conclui.
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Postado por Redação, no dia 14/05/2020 - 16:36