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Queda no consumo de gasolina provoca falta de gás no Alto Paraopeba




Já tem faltado gás de cozinha em Lafaiete e na região do Alto Paraopeba. Receio de várias pessoas, o problema foi constatado por comerciantes do setor, como o empresário Ronaldo Adriano da Silva. Dono da Ronaldo Gás, ele revela que o desabastecimento resulta na soma de vários fatores, como a estocagem de botijões por clientes, aumento na demanda pelo produto e até a queda no consumo de gasolina: “Tenho visitado várias cidades aos arredores e vejo que enfrentam a mesma situação. O que as pessoas não sabem é que há várias fontes para esse problema. Para começar, temos as pessoas que estão estocando botijões em casa, por um medo desnecessário de desabastecimento. E isso, além de ser muito perigoso, considerando que o produto é altamente inflamável e explosivo, causou uma sobrecarga na demanda”, explica.


Há problemas, também, na cadeia de abastecimento. O gás chega da refinaria em Betim, é envazado nos botijões e distribuído para as cinco marcas atacadistas atuantes em Minas: Nacional Gás, Su­per­gasbras, Copagaz, Ultragás e Liquigás. Elas são responsáveis por repassar por seus pontos de distribuição (depósitos vinculados à marca) e esses, de repassar aos revendedores, que são independentes (não possuem vínculo com marca), e aos consumidores finais. “Mesmo que o abastecimento continuasse o mesmo, a demanda aumentou. Ao chegar às distribuidoras, os estoques acabam imediatamente, pois os varejistas também atendem o consumidor final. Isso deixa brechas para que oportunistas manipulem o mercado, pratiquem preços abusivos e prejudiquem a concorrência, já que o produto não é repassado aos revendedores independentes, e quando é feito, o preço é altíssimo”, explica.


Ronaldo pondera que esse comportamento não é adotado por todos os varejistas, e que, de fato, houve um reajuste no preço, pelo custo da logística, “mas, infelizmente, existem pessoas que se aproveitam da situação: pagam o mesmo preço pelo gás e vendem mui­to mais caro”, argumenta. “Para o consumidor di­ferenciar os varejistas dos revendedores, basta olhar se no depósito tem alguma marca vinculada: Nacional Gás, Supergasbras, Copagaz, Ultragás e Liquigás. Ca­so não tenha, trata-se de um revendedor independente, que também depende dos altos preços praticados pe­los varejistas”, acrescenta. Fechando a lista de fatores, houve uma queda na produção e abastecimento por parte da Petrobras. “Em contato com a refinaria Ga­briel Passos, em Betim, fomos informados de que hou­ve sim uma queda de 50% na produção. E isso, somado com a alta demanda criou um engarrafamento enorme para o abastecimento”, pontua o empresário.

Queda no consumo de gasolina afeta produção de gás

Com as medidas de distanciamento social, o brasileiro trocou o escritório pelo home office, o barzinho pela cozinha de casa e as idas à faculdade por aulas suspensas ou ead. O que muita gente não sabe é que essas mudanças afetam não só o consumo de gás, mas a sua produção. Conforme explica o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de Gás Liquefeito (Asmirg), Alexandre Bonjaili, uma das justificativas para o desabastecimento de gás vem do processo do refino do petróleo.


"Existem dois parâmetros para a questão do desabastecimento. O primeiro é do tempo necessário com o processo de importação, que certamente deveria ter sido previsto. Digo isso em nível de autoridades. O outro é a capacidade de refino”. O primeiro produto retirado no refino do petróleo é o gás, a 20ºC. Na medida em que se aumenta a temperatura, o petróleo é aquecido até evaporar. Esse vapor retorna ao estado líquido em vários níveis na torre de destilação, havendo a coleta de subprodutos do petróleo. É o processo de separação dos derivados e, depois do gás, têm outros, como gasolina, nafta, querosene e diesel, por exemplo.


No cenário atual, o GLP será consumido pelas companhias. Mas a gasolina, não na mesma proporção. “A maioria dos carros no Brasil está parada; não estão consumindo. Tem tanque para armazenar? Como continuar o refino se não tem onde escoar o produto?", questiona Alexandre. De acordo com Alexandre, cerca de 50% do abastecimento de gás de cozinha em Minas Gerais vêm da refinaria Gabriel Passos, em Betim, única do Estado. O restante vem principalmente do Rio de Janeiro e São Paulo, estados que têm enfrentado dificuldades.


Em um comunicado emitido na segunda-feira, dia 30, a Petrobras informou que está realizando compras adicionais de GLP dentro de seu programa de importação e que "não há qualquer necessidade de estocar GLP neste momento, pois não haverá falta de produto para abastecer a população". Anunciou, ainda, uma redução de 10%, para R$ 21,85, no preço médio do botijão de 13 kg nas refinarias da Petrobras. Essa medida passou a valer na terça, dia 31, e no acumulado do ano, a redução será de cerca de 21%.

 

Com informações do jornal O Tempo.




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Postado por Redação, no dia 07/04/2020 - 12:04


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