A humanidade presenciou importantes movimentos artísticos e culturais, alguns com longa duração como o Renascimento, que encantou a Europa entre os séculos XIV e XVII. Neste período, destacaram-se as artes plásticas, com grande realce para a pintura e a escultura. Posteriormente, desde o final do século XVIII até meados do século XIX, tivemos o alvorecer das escolas literárias, destacando-se o Romantismo, seguido pelo Parnasianismo e Simbolismo, com seus notáveis poetas e prosadores na Europa e no Brasil.
As expressões artísticas, especialmente a literatura, vem sofrendo, ao longo dos séculos, modificações expressivas em seu conteúdo, forma e estilo. Estas mudanças naturais são intensificadas pelos avanços da tecnologia, que produz impactos relevantes também sobre o comportamento humano. Na área da comunicação social, a Internet, criada em meados do século XX, gerou novas formas de comunicação verbal. Entre estas novas formas de comunicação, expressa nas redes sociais, encontramos mensagens e textos em que as palavras são abreviadas e as vogais são omitidas, gerando novas “palavras” como wpp, tt, bjs, sds, tb, vc, mt, blz, vlw, flw, btf, slc, kkk e outras. Esperamos que entendê-las alguém há de.
Mudanças significativas ocorreram, também, na evolução da música, antes representada apenas pelo cancioneiro popular, pelas modinhas e cantigas folclóricas, pelo congado e outras expressões musicais do sincretismo religioso. Um exemplo típico é o da música sacra, antes caracterizada apenas pelos órgãos, bonitos e imponentes, dando lugar às músicas religiosas populares e ao gospel, nos ofícios religiosos. Todo este movimento culminou com o explosivo rock’ roll, em meados do século XX, que se difundiu em quase todos os países do mundo. No Brasil, logo a seguir, surgiram a Música Popular Brasileira (MPB), a bossa nova e a música funk.
Profundas mudanças ocorreram também na arquitetura, a partir do final do século XVIII e início do século XIX, passando do estilo barroco para o neoclássico e deste para o modernismo, em pleno século XX, com forte predominância da construção vertical, especialmente nas grandes metrópoles. As principais mudanças foram a substituição da alvenaria convencional pelas estruturas metálicas; portas e janelas de madeira substituídas pelos vidros blindex, com molduras de aço inoxidável. As antigas paredes de adobe e as coberturas de telhas artesanais foram substituídas pelos tijolos e lajes pré-moldadas. As instalações elétricas e hidráulicas se tornaram sofisticadas; jardins, antes ao nível do solo, foram suspensos e transformados em artísticas pérgolas. O próprio mobiliário, antes personalizado e confeccionado em madeiras de lei passou a ser construído em série, utilizando materiais mais leves como fórmica, MDF, fibras, acrílico e outros.
Após a Revolução Industrial, assistimos o alvorecer da Revolução Tecnológica com suas especializações denominadas “tecnologias de ponta”, tendo como berços os séculos XX e XXI. Elas produziram e aperfeiçoaram o telefone, o rádio, a televisão e os celulares, gerando novos equipamentos eletrônicos, em ritmo alucinante e trazendo inovações antes inimagináveis. Assim, surgiram os tablets, smartphones, notebooks, drones e os programas ou aplicativos eletrônicos que revolucionaram as relações pessoais, comerciais e industriais, em todo o mundo.
Como consequência natural, surgiu a atual geração hight tech, que manipula dados com extrema velocidade, atropelando todos os sistemas até então em vigor. Ou seja, a tecnologia, cada vez mais veloz e ousada, abriu enormes perspectivas para profundas mudanças na literatura, na música, nas artes plásticas, na arquitetura e nos mais diversos campos de atuação humana. Resta-nos, então, o seguinte questionamento: a tecnologia, hoje transformada em tecnocracia, será capaz de alterar ou até eliminar as mais belas expressões das artes plásticas, da literatura, de um modo geral, e da poesia, em particular?
Creio que a resposta é não. Isto porque, apesar da humanidade estar perdendo valores essenciais como a sensibilidade, o romantismo e até a capacidade de comunicação, o homem continuará sendo um ser social, ainda que menos pacífico e mais beligerante. A tecnologia transformará profundamente o homem e o mundo como hoje os conhecemos, mas não será capaz de anular seus instintos de sobrevivência, relacionamento e conservação,. A Bíblia Sagrada assevera que o homem jamais perderá a capacidade de amar, ainda que os instintos possam prevalecer, em certas épocas de sua evolução. Será a vitória das artes, em geral, e da fé, em particular, contra a Ciência, representada pela tecnocracia.
Carlos Reinaldo de souza
Médico, escritor, membro da ACLCL e colaborador do Jornal CORREIO carlosreinaldosouza@gmail.com
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Postado por Redação, no dia 06/02/2020 - 00:19