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Política


Vereador Sandro José faz balanço de seu mandato, anuncia que será candidato e detona fundo eleitoral




O vereador lafaietense Sandro José dos Santos (PSDB) que está, atualmente, em seu segundo mandato, esteve na Redação do Jornal CORREIO para um bate-papo sobre fundo partidário e eleitoral, avaliação de seu trabalho na política e expectativas para as eleições de outubro. O parlamentar foi taxativo ao condenar a utilização de dinheiro público para financiar campanhas políticas e já anunciou sua pré-candidatura para mais um mandato. Sua campanha, assim como as duas primeiras, será paga com dinheiro de seu próprio bolso. Confira a entrevista na íntegra, realizada com exclusividade pelo Jornal CORREIO.

Jornal CORREIO: Qual a diferença entre fundo eleitoral e fundo partidário? Para que servem?

Sandro José: Para se entender o fundo eleitoral, é preciso entender primeiro o fundo partidário. Fundo partidário é um dinheiro público, utilizado para manter os partidos políticos funcionando. São cifras bilionárias utilizadas, inclusive, para defender os partidos em processos eleitorais e até mesmo em situações ilegais. Basicamente, é o uso do dinheiro público para defender quem não está agindo conforme a lei. Não é justo tirar dinheiro do governo para poder sustentar partido político, sendo que ele poderia ser aplicado em outros setores públicos. É inviável. E o fundo eleitoral vem dentro desse mesmo sentido: nada mais é do que usar o dinheiro do povo pra financiar campanhas. Essa verba é distribuída pelo Tribunal Superior Eleitoral para os Tribunais Regionais. O partido com mais deputados no Congresso Nacional recebe uma quantia maior e assim sucessivamente. Penso que é uma maneira incorreta, ilegal, imoral, absurda e incoerente de usar dinheiro do povo para convencer o eleitor a votar no candidato. Se o candidato quer pleitear uma vaga, seja qual for o cargo, ele mesmo que deveria fazer a corrida atrás dessa verba. São mais de dois bilhões de reais para campanha eleitoral, e enquanto isso, aqui em Lafaiete não tem dinheiro para fazer exames, cirurgias, a policlínica está numa situação precária. Nós que estamos na política, trabalhamos para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Utilizar esse dinheiro dentro dos partidos, não traz nenhum retorno para a sociedade, que é o que nós precisamos. Em Lafaiete, por exemplo, vivemos basicamente daquilo que cai da mesa dos governos federal e estadual, vivemos com as migalhas.

Jornal CORREIO: Quantos partidos existem em Lafaiete?

Sandro José: Calculo que existam cerca de 15 a 20 partidos na cidade. Esse é outro problema que vivemos dentro da política. Como o dinheiro dos fundos é fácil, fica muito viável o cidadão criar um partido para si. Então contrata-se uma secretária, um assessor, um jornalista e cria-se um ambiente de empresa para ter acesso ao dinheiro que é um lucro. Dinheiro recebido sem trabalho é lucro. É uma verba que poderia ser usada na saúde e na educação. Só existe corrupção quando tem um agente político corruptível, aquele que aceita. Penso que o processo para corruptos deveria ser por tentativa e homicídio. Quando você desvia dinheiro público que poderia ser investido na saúde, por exemplo, e algumas pessoas morrem por falta desse dinheiro, você agiu conscientemente de que esse dinheiro poderia fazer falta, mas não se preocupou. Essa covardia deveria ser um processo de homicídio. A ação de uma pessoa pode prejudicar milhões.

Jornal CORREIO: Você está em seu segundo mandato. Qual balanço você faz de seu trabalho nesses quase oito anos de política?

Sandro José: Dividi minha vida política em três pontos. Não pretendo me eternizar na política e nem estou nela por status. Estou na política porque penso que sempre temos alguma coisa para contribuir. Como vereador, se eu faço alguma coisa certa, eu acerto duas vezes. Acerto como vereador, por ter feito, e como cidadão, por receber. E quando as coisas não saem como planejado, erro duas vezes: como vereador, por não ter a condição de fazer, e como cidadão, pois não irei receber o que tive ideia de colocar em prática. Essa é minha primeira filosofia. O que eu faço hoje é prestar contas para a comunidade que acreditou em mim e em meu trabalho. Quem me conhece sabe que nós trabalhamos muito.  Para qualquer pessoa que entra no gabinete à procura de alguma resposta, nós vamos correr atrás. Deixamos bem claro que a resposta pode ser sim e não. Mas quando a resposta é não, houve pelo menos a tentativa. Essa é a filosofia que empregamos nos dois mandatos. No primeiro mandato, busquei aprender os trâmites do Legislativo. Quando estamos do lado de fora temos ideias, mas quando entramos, vemos que as coisas modificam um pouco. No segundo mandato, continuei aprendendo e conhecendo o executivo. Essa interação entre os poderes Legislativo e Executivo é fundamental para que a cidade cresça. Nossa ideia é trazer para Lafaiete uma política mais pura e inteligente. Já ajudamos muita gente e diferentemente do que as pessoas pensam, vereador não faz, vereador ajuda. Para que os vereadores tenham sucesso é preciso que a comunidade esteja caminhando junto, trazendo as demandas que aparecem. Vereador e comunidade, juntos, são uma força muito grande para cobrar as demandas que surgem. Minha preocupação maior, em relação a Lafaiete, é que a cidade está definhando, acabando e poucas coisas estão sendo feitas com relação a isso. É preciso que tenha uma política voltada para o desenvolvimento econômico. Meu ponto de vista é que a secretaria de Desenvolvimento Econômico tem que ser muito bem aparelhada para trazer empregos para a cidade.

Jornal CORREIO: Qual a sua opinião sobre o trabalho do prefeito Mário Marcus?

Sandro José: Em algumas coisas eu concordo, outras não. Ele sabe... Em relação ao desenvolvimento econômico, penso que ele poderia ter dado mais liberdade para a secretaria agir. Capacitá-la mais para facilitar a vida do secretário. Em relação às outras situações, acho que precisa de criatividade. Tenho um bom relacionamento com o Mário. Nós conversamos, temos uma conversa franca, sentamos na mesma mesa para almoçar, porque temos um comprometimento político. Sabemos separar o que é profissionalismo, do que é política e o que é pessoal.

Jornal CORREIO: O que você acha do quadro eleitoral para as eleições de 2020?

Sandro José: Ainda não sei quais candidatos entrarão na concorrência. Independente de quais forem os candidatos, é preciso que a comunidade tenha consciência do histórico, perfil, o que ele já mostrou ou não. É preciso mais do que se preocupar com quem vai ser candidato, é com quem vai votar. O candidato por si só não se elege. Ele só se elege com a vontade do povo. É preciso que nós, que somos eleitores, tenhamos essa consciência e o comprometimento de buscar aquilo que é melhor. A minha preocupação é com quem vai votar, porque se ninguém votar, ninguém é eleito.




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Postado por Redação, no dia 24/01/2020 - 17:06


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