“Se acontecesse hoje um acidente com três vítimas, nós não teríamos sangue suficiente para salvar essas vidas”. Foi com essa preocupação que a captadora da agência transfusional do Hospital e Maternidade São José, Maria de Lourdes Heleno, procurou o Jornal CORREIO e expôs um quadro grave: nos últimos tempos, Lafaiete não tem conseguido enviar às unidades do Hemominas doadores o suficiente para suprir as demandas da cidade. Com isso, o estoque tem ficado muito baixo ou, em alguns casos, zerado. “Já tivemos situações de não ter nada. De sairmos, às pressas, para buscar em São João del-Rei. O Hemominas manda bolsas de acordo com as nossas solicitações. No dia 25, por exemplo, tínhamos 3 no estoque. O médico prescreve de duas a três bolsas por paciente nos casos mais comuns. Em casos de acidentes, gastamos bem mais”, desabafa.
Durante a apuração da matéria, uma nova remessa chegou para abastecer o estoque: 37 bolsas. O alívio, no entanto, é muito pequeno diante da demanda: “Isso não é suficiente para nada. Não dá para três dias. Gastamos cerca de 350 bolsas por mês para atender à demanda do bloco cirúrgico, em procedimentos de emergência e programados. E ainda temos a hemodiálise, que atende entre 20 e 30 pacientes. Sem sangue, todo esse atendimento pode ser comprometido. Caso a gente não consiga fazer subir o número de doações, não poderemos salvar essas vidas e essa sensação nos deixa, simplesmente, desesperados”, revela Lourdinha.
Para que o hospital seja abastecido a contento, ele precisa fazer a sua parte, enviando doadores. Para cada bolsa, dois voluntários são necessários. Mas mesmo com a mobilização promovida pelo hospital, que viabiliza, por meio de parcerias, transporte gratuito e até café da manhã, a realidade permanece muito longe da meta: “Estamos fazendo um apelo às pessoas, para que, as que já doam, continuem nos ajudando nesta época do ano, que é muito complicada. E para quem nunca doou, que comece a doar. Nosso estoque está muito baixo e a tendência, infelizmente, é de queda nas doações e aumento no caso de acidentes. Se acontecer algo de maior proporção, estaremos em uma situação crítica. Dependemos do Hemominas e lá o quadro também é preocupante”, conta.
Um dos motivos dessa baixa no estoque, segundo avalia, seria pequena a disponibilidade das pessoas em se deslocarem para outra cidade para doar. “Acredito que, quando tivermos o Pace (Posto de Coleta Avançado) em Lafaiete, a situação se torne menos complicada. Até lá, precisamos contar com um esforço extra de todos. Ninguém sabe quem será o próximo a precisar de sangue. Pode ser alguém que amamos, alguém da nossa família ou nós mesmos. E se, nesta hora, não houver sangue para salvar a vida? A gente pede a quem puder, para que participe das nossas caravanas, para que doe vida. Só vamos sair dessa situação com a ajuda de todos”, finaliza.
Quem pode doar
O procedimento para doação é simples: o doador passa por uma identificação pessoal, seguida de uma triagem clínica, onde deve prestar informações gerais sobre seu quadro de saúde, hábitos alimentares, histórico de doenças e uso de medicamentos. A coleta, em si, dura cerca de 15 minutos, mas todo o procedimento dura, em média, cerca de 40 minutos, a depender do fluxo do dia na unidade de saúde onde está sendo feita a doação. Pessoas com idade entre 16 e 69 anos podem doar sangue. Para os menores (entre 16 e 18 anos) é necessário o consentimento dos responsáveis. Quem tem entre 60 e 69 anos só poderá doar se já o tiver doado anteriormente.
É preciso pesar no mínimo 50 quilos e estar em bom estado de saúde. O candidato deve estar descansado, não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12h anteriores à doação, não fumar nas 2h antes da doação e não estar em jejum. No dia da doação, é imprescindível levar documento de identidade com foto. A frequência máxima de doações por ano é quatro vezes para o homem e três para a mulher. O intervalo mínimo deve ser de dois meses para os homens e de três meses para as mulheres.
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Postado por Redação, no dia 05/12/2019 - 09:35