Parece mentira,
mas não é. O lago de Sobradinho, que fica no Norte do estado da Bahia,
considerado o segundo maior lago artificial do mundo, está afetando diretamente
a pesca esportiva e profissional de Minas Gerais. Muitos pescadores
lafaietenses já estão sentindo na pele, em pleno mês de maio, a escassez de
água e, principalmente, de peixes. Rios bons de lambaris, piaus e curimbas
nesta época do ano estão praticamente sem água, o que intrigou amantes da pesca
em nossa cidade.
A coluna foi à luta para descobrir a razão da pouca água num ano que choveu muito e elevou todos os reservatórios de água, que por causa das secas de 2014 e 2015 ficaram quase vazios. A resposta está no lago de Sobradinho, construído no rio São Francisco, na década de 70. Por causa dos últimos dois períodos de seca braba ? 2014 e 2015 ? o reservatório baiano ficou com apenas 1% de seu potencial hídrico, ou seja, praticamente seco. Desde então e aproveitando a fartura de chuvas do início deste ano, a represa de Três Marias, na região central de MG, também considerado um grande reservatório de água, começou a soltar água com força para encher novamente o Sobradinho.
O resultado dessa política é que os grandes tributários do Velho Chico, entre os quais Paraopeba, Pará, Paracatu, Urucuia, Velhas, entre outros, não conseguem represar a água. O precioso líquido desce em alta velocidade com destino a Sobradinho, onde ficará armazenado até que o lago chegue num patamar razoável, podendo, inclusive, reativar as turbinas da usina de energia elétrica, desligadas desde o período de seca.
Mas o drama maior é sentido nos pequenos cursos d?água, berçário dos grandes lambaris do rabo vermelho, dos piaus três pintas, piaus verdadeiros, das matrinxas, curimbas, entre muitos outros. Nesta época do ano, era possível pescar e ter emoção em pequenos rios como o córrego dos Veados, Jorjão, Jorge, Pedro Moreira, Pardinho, Córrego do Leitão, Paraopeba, rio Vermelho, São José, e muitos outros. Com a decisão de Três Marias em liberar muita água para Sobradinho, o nível nesses pequenos riachos, é desolador. Na semana passada, por exemplo, uma turma de Lafaiete, liderada pelo Baiano, do bairro Carijós, esteve no córrego dos Veados, em Dores do Indaiá, e perdeu a viagem. Segundo eles, em local onde havia mais de 1m de água, há apenas um palmo, mesmo assim com a água transparente, o que dificulta a captura dos peixes.
P. de Souza
Repórter e articulista
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Escrito por Pesca, no dia 20/05/2016
