Não sei se a melhor atitude contra uma geração de adolescentes mimados que chegam aos cursos de graduação seja o que está relatado abaixo. Na minha percepção, as coisas só pioram.
O ingresso de alunos cada vez menos autônomos na graduação tem levado universidades privadas a adotarem práticas de colégio, como reunião de pais e boletins. O centro universitário Belas Artes, na Vila Mariana (zona sul de SP), passou a promover, há um semestre, um encontro entre pais e professores depois da primeira prova. Além disso, a família pode acompanhar notas e a frequência do aluno no portal. Esta ação ainda é aceitável.
O intuito da reunião é discutir as dificuldades dos estudantes e passar confiança aos pais, sobretudo aos que se mostram superprotetores. O coordenador do curso de publicidade, Eric Carvalho, 38, diz que a prática decorre da frequência com que estudantes, até nos anos finais da graduação, recorrem aos pais para reclamar de notas.
Segundo Carvalho, tendem a ser mais conscientes os alunos que pagam a própria mensalidade - de R$ 1.482 a R$ 3.513 na Belas Artes. Mas em instituições frequentadas pela classe média alta, a família costuma custear os estudos e os jovens precisam de um empurrãozinho, diz. Para ele, esses estudantes têm autonomia limitada e repertório incipiente. "Não quero generalizar, mas é uma geração um pouco mais mimada", afirma.
Na ESPM (Vila Mariana), com mensalidade na faixa de R$ 3.000, também se nota a presença dos pais. O diretor de graduação, Luiz Fernando Garcia, diz ter registro -"graças aos céus, poucos"- de mãe reclamar de reprovação em MBA (especialização). Durante o vestibular, a escola convida as famílias para conhecer instalações e professores. Os aprovados podem assistir à aula inaugural com os pais. É como um rito de passagem. "A gente reforça o recado: 'Muito obrigado pela confiança. A partir daqui, é conosco'", diz Garcia.
Ele conta que se tornou comum mães acompanharem filhos até a sala de espera em entrevistas do estágio, "e ainda quererem entrar junto". A universidade Mackenzie, na Consolação (centro), passou, no ano passado, a fazer um encontro de início de curso com pais, que lotou um espaço de mais de 900 lugares. O reitor, Benedito Aguiar, diz se preocupar com a "afluência" de estudantes a bares em horário de aula. Nesse sentido, analisa, falta maturidade para perceber que precisa de "afinco e dedicação" aos estudos. Um indicador da mudança de perfil é a queda na procura pelo período noturno. Com curso pago pela família, alunos não precisam trabalhar e são mais "vigiados" em casa. "O protecionismo talvez contribua para a acomodação de alunos", afirma o reitor.
Isso é apocalíptico. Esses bebês vão ficar em casa até os 40 anos, pois essa tem sido uma forte tendência, principalmente nos centros urbanos com maior insegurança social. Assim, viverão à custa da boa aposentadoria dos pais de classe média. Espera-se, no mínimo, que se tornem força social ativa para a produção e PIB nacional e não apenas pesos mortos.
Inacreditavelmente, estamos vivendo a infantilização da juventude e das relações familiares. Bebem até morrer, mas correm ao celular para pedir ajuda aos pais, quando se veem em apuros. A pseudoindependência levantada junto com o copo de chopp ou cerveja esconde a falta de autonomia intelectual, no mínimo, esperada de quem faz uma faculdade.
Na minha percepção, a medida tomada de fazer reuniões com os papais de filhos universitários só contribui para formar uma geração submissa, alienada, apática e dependente na contramão de um mundo que pede pro-atividade. Não estou entendendo nada!
Fonte ampliada: <http://forum.jogos.uol.com.br/faculdade-faz-ate-reuniao-de-pais-contra-geracao-mimada_t_3400933?page=1> Acessado em 22/03/2015.
José Antônio dos Santos
Mestre pela UFSJ
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Escrito por Educação, no dia 02/04/2015